sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Palestra na UFRJ

Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ recebe a palestra: Um século sem Euclides

Mesa composta por respeitáveis estudiosos das temáticas euclidianas brindou público com uma palestra que trouxe Euclides à atualidade



No salão dourado da UFRJ, na Praia Vermelha, no município do Rio de Janeiro, o tradicional Fórum de Ciência e Cultura abriu suas portas para Euclides da Cunha. O belo salão tem uma programação ampla com diversos eventos culturais, e, na sexta-feira, dia 14 de agosto, recebeu a abertura de uma série de debates intitulada "Centenário da Morte de Euclides de Cunha". Na mesa para a palestra 'Um século sem Euclides', às 10 horas, se encontraram o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, Joel Rufino dos Santos, ex-professor de Literatura da UFRJ; Vera Malaguti Batista, secretária geral do Instituto Carioca de Criminologia; e José Celso Martinez Corrêa, dramaturgo responsável pela montagem da peça teatral “Os Sertões”.

Em mais um evento agradável e qualificado do fórum, a mesa da palestra foi aberta pelo magnífico reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, que proferiu um discurso acerca dos atributos intelectuais dos grandes nomes da história do Brasil, dando grande destaque aos expoentes da literatura brasileira. Seu discurso culminou no engrandecimento da obra de Euclides da Cunha, com referências à influência marxista recebida pelo escritor. Os cerca de 50 ouvintes da platéia mostraram bastante interesse às palavras dos quatro palestrantes, que desfilaram grande conhecimento do assunto e apresentaram-se muito simpáticos.

A criminóloga Vera Malaguti traçou comparações entre a obra euclidiana e a realidade próxima, vivida pelas grandes cidades: "Ontem em Copacabana (bairro carioca), em mais um episódio deplorável denominado de “choque de ordem” eu reli Os Sertões." disse, ao se referir à truculência da guarda urbana do município do Rio de Janeiro contra os cidadãos. Em seu discurso ela concluiu: "O livro “Os sertões” foi o primeiro ataque ao escândalo de dois “brasis” desiguais com a repressão do próprio estado brasileiro massacrando e degolando seu próprio povo."

Em seguida o professor Joel Rufino entregou algumas excelentes reflexões sobre a atualidade estética do grande livro de Euclides, mesmo passados mais de cem anos de sua publicação: "A primeira fase de “Os Sertões” é pura poesia, trata-se do Brasil escrevendo sobre si. Euclides põe o Brasil frente ao espelho." E estendeu seus comentários a influência do escritor no cenário das letras nacionais: "Não tenho receio algum em afirmar que Euclides idealizou e preparou a semana de “22”. O professor falou ainda sobre a experiência de ensinar Euclides, e sobre a atualização da metodologia em torno da obra do homenageado como matéria das aulas de literatura: "Faço uma autocrítica sobre minhas aulas de literatura quando jovem, pois retratava Euclides e os Sertões apenas como referência literária, um grande equívoco."

O dramaturgo José Celso Martinez concluiu a ocasião com boas considerações sobre correlação política da temática euclidiana com os dias atuais: “Os Sertões” relata a república do massacre, essa república é negada na obra da mesma maneira que se nega a república atual vista no senado através dos episódios de Sarney que usa da aquisição do bem público contra o próprio público."

O evento terminou por volta das 14h, após a exibição de um DVD com cerca de 10 minutos do espetáculo teatral de José Celso, Os Sertões.

Por Raphael Pereira e Liomar

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