segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Prodígio Euclidiano


Estudante da rede estadual de Cantagalo-RJ ganha destaque por realizar belo trabalho de difusão da memória do escritor e acadêmico Euclides da Cunha

O jovem prodígio Matheus Muniz Guzzo, de 15 anos, aluno do Colégio Estadual Lameira de Andrade, de Cantagalo-RJ, desponta como uma liderança cultural na escola e na cidade. Isso porque ele tem realizado dois belos trabalhos em torno do nome do escritor Euclides da Cunha, nascido também na cidade do Centro-Norte fluminense: a proposta de um curso de extensão para os alunos do 5.o ano do colégio Estadual e o projeto de um livro sobre suas experiências euclidianas.

Na escola de Matheus é desenvolvido o projeto “Euclides da Cunha: base para a educação social”. Coordenado por duas professoras, desde outubro Matheus dedica uma hora da semana a ensinar o euclidianismo aos alunos do quinto ano do Ensino Fundamental. A iniciativa nasceu do sucesso de sua participação no Seminário Internacional - 100 anos sem Euclides, realizado em parceria com a Academia Brasileira de Letras (ABL), ao qual compareceram ilustres figuras da literatura nacional e internacional, como Ariano Suassuna, Leopoldo Bernucci (Universidade da Califórnia) e Berthold Zilly (Universidade de Berlim).

Por conta da repercussão de seu trabalho, o projeto 100 anos sem Euclides apresenta aqui uma breve entrevista para melhor apresentar a jovem surpresa do Seminário Internacional realizado em setembro:

1- Sua posição como promotor da educação através da memória de Euclides da Cunha entre outros jovens como você é admirável. Quais influências você considera importantes para esta sua tomada de postura?

R.: Com absoluta certeza, a maior influência na minha vida, em relação à Euclides da Cunha, foi o Projeto 100 Anos Sem Euclides. Através dele, fui posto a ver, verdadeiramente, a tamanha importância que Euclides tem para o Brasil, pois, foi com as ações do Projeto que eu iniciei a caminhada, sempre em busca de maior conhecimento em relação ao meu conterrâneo Euclides da Cunha.

2- Quando você tomou conhecimento da obra de Euclides da Cunha? Com que idade? R.: Tomei conhecimento da obra de Euclides da Cunha na minha infância, quando o Colégio em que eu estudava me levou para a acolhedora Casa de Euclides da Cunha, aqui em Cantagalo. E, foi a partir daquele momento, que eu conheci o “famoso escritor de Cantagalo: Euclides da Cunha”.


3- A juventude está acostumada a leituras, digamos, mais acessíveis, por conta da facilidade dada pelos meios modernos de comunicação. A obra Quatro Cantos de Euclides, do poeta Thiago Cascabulho, pode servir de ponte entre esse leitor e a obra de Euclides, considerado um autor de difícil acesso?

R.: A emocionante obra do jovem poeta Thiago Cascabulho, é uma forma muito boa de analisarmos Os Sertões. No meu Projeto “Euclides da Cunha: Base para a Educação Social”, eu desenvolvi uma aula sobre esse livro, e, mais do que esperado, os alunos se encantaram pelos cantos e alcançaram maior conhecimento sobre Os Sertões.

4- Você se considera um leitor assíduo? Qual(is) obra(s) te causou(aram) maior impacto? Por quê?

R.: A obra que me causou maior impacto foi o magnífico Os Sertões, em virtude da leitura difícil para um jovem, mas analisando fragmentos da grandiosa, percebi a brilhante forma de um brasileiro caracterizar o ambiente, o homem fruto da terra e as situações vividas. Basta isso para se encantar com Euclides da Cunha.

5- Em seu projeto, você destaca a importância de Euclides da Cunha para a vida social dos jovens. Fale um pouco sobre isso.

R.: Quando me propus a desenvolver um Projeto sobre Euclides, foi para partilhar do que aprendi: quando conheço um exemplo de cidadão, nele posso me empenhar para ser reflexo e trabalhar para um Brasil melhor.

6- Euclides escreveu sobre a Amazônia e a exploração sem planejamento dos recursos naturais. Esse tema pode ser um bom chamariz para dar visibilidade, entre os jovens, a outras questões levantadas pelo autor. Comente a escolha dessa faceta do escritor em seu plano de aulas.

R.: É necessário explicar às nossas crianças a responsabilidade que elas têm quanto ao futuro ambiental do mundo, em especial do Brasil. Para isso, fica muito inovador explicá-las que um homem há muito tempo já via problemas na Amazônia. A partir daí, perguntamos: Com a expansão do desmatamento, como ficará a nossa Amazônia num futuro recente? Pensemos.

7- Você se propõe a resgatar a importância da se valorizar as origens da cidadania cantagalense por meio da memória de um ilustre cidadão: Euclides. Esse tipo de ação tem a função de elevar a autoestima das gerações em formação. Que fatores podem ser considerados, a seu ver, promotores da baixa autoestima por parte da juventude cantagalense?

R.: Um fator promotor da baixa autoestima é saber que moramos num lugar que não é conhecido culturalmente no nosso país. Isso não é verdade! Se as gerações em formação se conscientizarem que temos uma ponte para alcançarmos reconhecimento nacional e mundial, elas terão o orgulho de morarem em nossa “terra de belezas e encantos mil”, o berço da ponte para o reconhecimento social, que é Euclides da Cunha!

Um comentário:

  1. Esse guri é um prodígio mesmo! Euclides da Cunha quando tantos da sua idade nem sabem quem foi, que escreveu. Merece parabéns quem o tem incentivado!

    Abraços

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