quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cerimônia em Cantagalo






Em uma agradável manhã, solenidade em memória do escritor encanta público presente à praça central da cidade do interior fluminense e destaca a importância do Projeto 100 Anos Sem Euclides.

No último dia 01 de agosto, a cidade de Cantagalo viu novamente a chama do euclidianismo brilhar. Na manhã do que se pode chamar de um sábado na praça, ocorreu um ato solene promovido pela Câmara Municipal de Cantagalo em homenagem ao ilustre escritor e cidadão

cantagalense Euclides da Cunha, no mês em que se completam cem anos de seu desaparecimento. Cheia de vida, com muitas crianças e com a forte presença dos cidadãos mais experientes, a praça João XXIII, no centro de Cantagalo, reviveu o passado pela memória do mais ilustre cidadão do meio literário que o município já teve, mas com os olhos no futuro, no avanço da educação como promotora da paz e da igualdade, assim como a pena de Euclides ansiava.

Após a introdução realizada pelo mestre de cerimônias Nilson Leão, que além de apresentar o roteiro destacou a presença das autoridades municipais, o hino nacional brasileiro foi executado pela Sociedade Musical XV de Novembro. Seguindo a abertura dos trabalhos, o presidente da Câmara, vereador Ciro Fernandes, proferiu um discurso em que citava o apoio que o legislativo municipal pretende dar à iniciativa cultural promovida pelo Projeto 100 anos sem Euclides "Saibam todos os presentes que a Câmara Municipal está comprometida com todas as causas que interessem à nossa Cidade e ao povo de Cantagalo. E não faltará o nosso apoio às iniciativas que venham contribuir com a elevação da cultura e da educação dos nossos munícipes. (...) Peço a todos vocês que participem e prestigiem outras iniciativas que terão lugar em Cantagalo, lembrando de forma especial o Seminário Internacional 100 Anos Sem Euclides, que está previsto para acontecer em setembro próximo."

O discurso das autoridades municipais tentou traduzir o desejo da cidade de ver que a cultura, trazida de volta para Cantagalo pela memória do homem que foi gerado no ventre da cidade, através do Seminário Internacional 100 Anos Sem Euclides e suas ações correlatas, se alastre como verdadeiro motor do progresso individual e coletivo. As palavras dos líderes do município foram seguidas pela apresentação teatral do espetáculo Cantos de Euclides, realizada pelo Coletivo Teatral Sala Preta (Barra Mansa-RJ) e baseada no livro Quatro Cantos de Euclides, do poeta Thiago Cascabulho, e pelo acendimento de uma chama simbólica que inflamará uma pira na abertura da semana euclidiana, em São José do Rio Pardo. A cidade do interior paulista, onde o autor escreveu sua obra-prima, Os Sertões, até hoje o homenageia, há 97 anos.

A iniciativa na praça também revelou a intenção de lançar sobre a cidade de Cantagalo as luzes do interesse por Euclides da Cunha, sendo esse um dos objetivos do Projeto 100 Anos Sem Euclides, ao instalar por lá um ponto de cultura chamado de "Os Serões do Seu Euclides”. O projeto, além de expandir as atividades educacionais oferecidas à população local e fortalecer o sentimento de pertencimento da mesma, pretende contribuir para destacar a importância de Euclides da Cunha como pilar fundamental para se entender o Brasil. Tal iniciativa poderá promover a vinda de turistas à cidade, tendo em vista que será utilizada a estrutura física revitalizada da Casa de Euclides da Cunha, ponto turístico local, ideia que vai ao encontro do que destacou o presidente da Câmara ao final de seu discurso. “Iniciativas como esta demonstram que Euclides da Cunha, se vivo em nossa memória e em nosso coração, pode atrair muitos a esta terra. Não é difícil imaginar que Cantagalo possa, inclusive, fomentar o turismo e o interesse das pessoas, através de Euclides da Cunha. Se, com o Ato de hoje, pudermos inspirar mais criatividade e maior ousadia para novos empreendimentos, creio que parte do nosso objetivo será cumprido."

Em seguida aos discursos, o Coletivo Teatral Sala Preta trouxe aos presentes na praça uma adaptação do mesmo espetáculo que foi realizado durante a última FLIP, abrilhantando a solenidade com seus atores caracterizados ao rememorar as etapas da vida do escritor e ao acender, no final da apresentação, a chama de Euclides da Cunha – em um gesto simbólico que traduz a verdade, pois foi a pequena cidade que deu à luz o brilhante escritor, foi dela que partiu a fagulha que daria na imensa clareza que ele lançou sobre a realidade brasileira. O teatro emocionou a todos, principalmente a Elaine da Cunha Taylor, sobrinha-neta de terceira geração de Euclides, que passou por Cantagalo e prestigiou o evento. "Não tenho palavras para agradecer por essa ‘chama acesa’ da memória de Euclides e a história de Cantagalo, dois paradigmas que não podem ser separados", disse.

Estiveram presentes à solenidade, além do presidente da câmara de vereadores, Ciro Fernandes; o vice-prefeito Jorge Farah e ilustres especialistas na obra do autor, entre eles a professora Anabelle Loivos Considera Conde Sangenis (UFRJ) e seu marido Luiz Fernando Conde Sangenis (UERJ), coordenadores do Projeto 100 Anos Sem Euclides; a professora de literatura e cidadã cantagalense Anélia Montechiari Pietrani, da UFRJ; e a diretora da Casa de Euclides da Cunha, Fany Teixeira Abrahim, que discursou em nome da instituição que guarda no município a memória de Euclides da Cunha; além dos membros do GEAC (Grupo Euclidiano de Atividades Culturais de Cantagalo), Marcos Longo, Alex Vieitas, Rodrigo de Lucas e Fernanda Bruni. Fernanda é cidadã riopardense e recebeu a chama das mãos do ator caracterizado como Euclides da Cunha para levá-la até São José do Rio Pardo, onde ficará depositada na Casa Euclidiana até o final da semana em homenagem ao escritor.

4 comentários:

  1. Muito legal! Parabéns a todos os que lutam pela memória de Euclides e pelo valor da literatura em tempos tão difíceis.

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  2. Parabéns ao Projeto "100 anos sem Euclides" por tudo que se tem feito pela memória de Euclides da Cunha e por Cantagalo.Podem contar sempre conosco.GEAC Cantagalo

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  3. Algumas frasese de Euclides da Cunha:

    - Eu não sei ser alegre, nasci triste.

    - O sertanejo é a cima de tudo um forte.

    - Eu fico me perguntando será que algum dia eu vou dar certo.

    - Espera, espera, tive uma idéia e uma idéia não se deixa fugir.

    - Temos que nos preparar para século XX há de ser o século da indústria e da ciência.

    - Esse país ainda não teve um interprete, eu posso ser o interprete que esse país ainda não teve.

    - Quero viver do meu trabalho de engenheiro, dos meus escritos. Eu não tenho vocação para a espada, a arma que eu sei manejar é a pena.

    - É impressionante, vivem todos fascinados pelo estrangeiro, o Olavo Bilac disse; se não posso morar em Paris, quero eu ao menos morrer em Paris.

    - Estão falando sobre a mudança da capital. A capital tem que ser em Goiás porque fica o nosso desenvolvimento concentrado todo aqui, no litoral. A capital tem que ser no interior do país, no centro, uma luz colocada no centro ilumina por igual em todos os cantos.

    Euclides da Cunha.

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  4. Algumas frasese de Euclides da Cunha:

    - Eu não sei ser alegre, nasci triste.

    - O sertanejo é a cima de tudo um forte.

    - Eu fico me perguntando será que algum dia eu vou dar certo.

    - Espera, espera, tive uma idéia e uma idéia não se deixa fugir.

    - Temos que nos preparar para século XX há de ser o século da indústria e da ciência.

    - Esse país ainda não teve um interprete, eu posso ser o interprete que esse país ainda não teve.

    - Quero viver do meu trabalho de engenheiro, dos meus escritos. Eu não tenho vocação para a espada, a arma que eu sei manejar é a pena.

    - É impressionante, vivem todos fascinados pelo estrangeiro, o Olavo Bilac disse; se não posso morar em Paris, quero eu ao menos morrer em Paris.

    - Estão falando sobre a mudança da capital. A capital tem que ser em Goiás porque fica o nosso desenvolvimento concentrado todo aqui, no litoral. A capital tem que ser no interior do país, no centro, uma luz colocada no centro ilumina por igual em todos os cantos.

    Euclides da Cunha.

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