terça-feira, 30 de junho de 2009

Na flip, mesa sobre Euclides

Um encontro de especialistas

Daniel Piza, jornalista de O Estado de São Paulo vai coordenar o debate na festa literária de Paraty

por Ubiratan Brasil*

O centenário da morte do escritor e jornalista Euclides da Cunha (1866-1909) terá um encontro especial na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, entre 1.º e 5 de julho. O autor de Os Sertões, que profetizava "o esmagamento inevitável das raças fracas pelas raças fortes", será tema de discussão da mesa O Mar e Os Sertões - Euclides da Cunha, 360°, que, a partir das 15h30 do sábado, dia 4, vai reunir os professores Walnice Nogueira Galvão e Francisco Foot Hardman, além de Milton Hatoum, escritor e cronista do Caderno 2. O encontro vai acontecer na Casa de Cultura de Paraty e a mediação será de Daniel Piza, editor executivo do Estado.

O autor de Os Sertões também tem sido lembrado por O Ano de Euclides, um projeto jornalístico, cultural e multimídia do Grupo Estado, iniciado em março e que se estenderá com mais encontros (leia mais abaixo). Publicado em 1902, Os Sertões nasceu da cobertura jornalística de um dos conflitos mais sangrentos da história brasileira: a ação vitoriosa do exército contra revoltosos instalados na cidade baiana de Canudos. Euclides viajou para o local em 1897, a convite de Julio Mesquita, então diretor do Estado. Outros correspondentes já acompanhavam as infrutíferas tentativas do exército de derrotar os seguidores de Antônio Conselheiro, no interior da Bahia, e Euclides destacava-se como o escolhido natural para representar o jornal: colaborador havia nove anos, publicara, nos dias 14 de março e 17 de julho daquele ano, dois artigos com o título de ‘A Nossa Vendéia’.

São textos em que Euclides não apenas apresenta aspectos físicos daquela região do sertão como também se aventura a dar palpites sobre as dificuldades táticas e estratégicas do levante. No período em que cobriu o fato, Euclides submeteu-se a um verdadeiro rito de passagem: se quando deixou São Paulo estava seguro da natureza monarquista da rebelião em Canudos, o escritor (republicano convicto) foi obrigado a reformular seu julgamento, forçado pelas contingências. E, se tinha a urgência do repórter, acumulou material para a reflexão profunda sobre o fenômeno, que resultaria em Os Sertões.

"É por isso que não gosto de falar sobre a atualidade da obra", comenta Walnice. "Trata-se de um livro difícil, que não é entretenimento e cuja leitura faz o coração bater forte." Professora de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, ela ressalta o aspecto literário da obra. "Euclides utilizou a linguagem com fins estéticos."

Professor titular do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, Francisco Foot Hardman acredita que Euclides é um daqueles casos de grande escritor que teve o conjunto de escritos ofuscado pelo brilho da obra-prima. "Acho interessante, então, neste, como em outros eventos, cursos e debates, sempre que possível destacar os outros planos de sua atividade literária, que incluíram o ensaio, o jornalismo político e a crítica literária, a correspondência, a crônica e, last but not least, a poesia", comenta. "Além de Os Sertões, ele publicou mais três livros, dois deles em vida (Contrastes e Confrontos e Peru Versus Bolívia, ambos de 1907) e um póstumo, mas organizado ainda em vida (À Margem da História, 1909). Afora isso, uma obra extensa de artigos, crônicas e poesias, tanto dispersos quanto inéditos. Seria bom para o público de hoje ter uma ideia aproximada de toda essa riqueza e variedade."

Já Milton Hatoum pretende ler um conto de seu livro A Cidade Ilhada (Companhia das Letras), Uma Carta de Bancroft. O texto faz referência a uma carta que revela um sonho (ou pesadelo) do escritor quando estava em Manaus, antes de partir para o Purus. "Uma das questões mais recorrentes na obra de Euclides é a relação entre civilização e barbárie", observa Hatoum. "Ele dizia que a Amazônia era uma ‘terra ignota’, ‘a última página, ainda a escrever-se, do Gênese’, onde o homem travaria uma ‘guerra de mil anos contra o desconhecido’."

Hatoum comenta que a ânsia de conhecimento científico e de exercer uma missão civilizadora é latente no escritor. "Euclides, como bom positivista, acreditava no progresso e na ciência, temas que ele aborda nos ensaios sobre a Amazônia", afirma. "Mas ele sabe que a ‘civilização’ e os ideais republicanos falharam, e são mais bárbaros que os nativos que ele, Euclides, critica. Penso que esses temas são importantes."

Leia in loco
no link abaixo:

*de O Estado de São Paulo

A cidade de Euclides

Maratona Euclidiana em São José do Rio Pardo

Termina no Próximo dia 10 de julho o prazo para as inscrições na Maratona Intelectual Euclidiana

Promovida dentro da 97º Semana Euclidiana pela Casa de Cultura Euclides da Cunha (confira o regulamento e a ficha de inscrições no site institucional), ocorrerá a Maratona Intelectual Euclidiana. A semana, que acontece a noventa e sete anos consecutivos, é realizada sempre de 09 a 15 de agosto, em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, e conta com a participação efetiva de estudiosos que se unem para discutir a vida e a obra do escritor através de palestras, ciclo de estudos, conferências, maratonas estudantis, desfile, exposições, episódio republicano e romaria cívica ao recanto euclidiano, entre outras atividades.

Os alunos vencedores da Maratona Intelectual serão premiados em dinheiro, através de uma parceria com a UNIP, no valor de R$ 5.000,00, que serão distribuídos entre o primeiros colocados ( 1º, 2º e 3º).

A Casa de Cultura Euclides da Cunha está situada no imóvel onde Euclides da Cunha residiu com sua família durante a reconstrução da Ponte Metálica naquela cidade, entre 1898 e 1901. Nela também ocorreu o nascimento de seu filho Manoel Afonso, em 31 de janeiro de 1901, único filho que lhe deu descendentes. A instituição tem como objetivo divulgar a vida e obra do escritor, proporcionando atividades culturais e disponibilizando um valioso acervo para pesquisas e estudos.

Por rodovia, São José fica a 260 km da capital paulista, com estrada asfaltada e que tem 90 por cento de seu trajeto em duas pistas.

Além da Semana Euclidiana, a Casa de Cultura Euclides da Cunha está aberta para visitação pública de segunda a sexta, das 9 às 18 horas, e no sábado, das 9 às 14 horas. O endereço é Rua Marechal Floriano, 105 - Centro, São José do Rio Pardo - SP. Telefone: (19) 3681-6424, e-mail: casa.euclidiana@bol.com.br.

Euclidianas

Esse poema é uma variante do já conhecido poema “Mundos extintos”, foi publicado no jornal “Democracia”, do Rio de Janeiro, em 07/06/1890, com o título “Soneto antigo”. ele inaugura uma série de outros que serão postados aqui sempre com o título euclideanas. Foi retirado do site da Casa de Cultura Euclides da Cunha, em São José do Rio Pardo. O seu "descobridor" foi Felipe Rissato, de Belém do Pará, um pesquisador da obra de Euclides.

Soneto Antigo
Morrem os mundos... silenciosa, escura,
Eterna noite os cinge e, mudas, frias
– Nas fulgurantes solidões da altura –
Se erguem assim necrópoles sombrias.
No entanto, a nós parece que perdura
Neles a Vida – envolta das magias
Esplêndidas da luz que, alto, fulgura
Lhes animando as órbitas vazias...
Meus ideais – extinta claridade!
Mortos rompeis, fantásticos e insanos,
Da minh’alma a revolta imensidade,
E sois ainda todos os enganos
E toda a luz e toda a mocidade
– Desta velhice trágica aos vinte anos.


S. Paulo – 1889.
Euclides Cunha

Nessa sexta-feira...




... As ruas serão de Euclides

Com data e hora marcadas, peça sobre Euclides encantará a cidade histórica do Sul Fluminense

O projeto 100 anos sem Euclides orgulhosamente apresenta o folder da peça Quatro Cantos de Euclides, que será encenada na FLIP, em Paraty, na sexta-feira, dia 03 de julho, com a participação de cerca de 40 atores.

Trata-se de mais uma atividade do Projeto 100 Anos Sem Euclides, com várias parcerias, que objetiva divulgar o livro, de mesmo nome, do poeta e jornalista Thiago Cascabulho, cujas linhas se propõem, através de uma rica linguagem poética, a atingir o público infanto-juvenil e transportá-lo ao universo Euclideano, apresentando quatro fases da vida do escritor.

A peça, realizada pela produtora carioca Caraminholas e encenada pelo Coletivo Teatral Sala Preta, irá revisitar, do mesmo modo, a trajetória de vida de um autores de maior sensibilidade em relação à sociedade brasileira. Enquanto estiver sendo encenada, as ruas de Paraty, cheias de literatura por conta da FLIP, serão de Euclides da Cunha.

Mais informações aqui.

Uma voz que faz falta

Euclides da Cunha está vivo

Editor e historiador fala da atualidade das observações do engenheiro-jornalista no centenário de sua morte

por Cássio Schubsky*

Que falta faz ao Brasil a indignação cívica de Euclides da Cunha! Cento e vinte anos após a Proclamação da República, o gesto de rebeldia e coragem do jovem estudante militar jogando ao chão o sabre-baioneta em protesto contra o ministro da Guerra do Império continua reverberando... Aquele ato solitário de Euclides na Escola Militar, meses antes do 15 de Novembro, foi uma conclamação republicana.

Ainda hoje, tantas mazelas assaltam (e aqui o uso do verbo não é gratuito...) a vida política brasileira que bem precisamos reproclamar a República. Escândalo após escândalo, vinga certa letargia popular, ante a inércia monárquica que contamina nossos nobres parlamentares, que deveriam representar o povo, mas, no mais das vezes, preferem aboletar-se em privilégios e desfaçatez.

Ao ler hoje textos escritos por Euclides da Cunha há mais de cem anos, causa espanto a atualidade das opiniões do autor. A primeira impressão é a de que houve uma espécie de achatamento do tempo: parece que o Brasil de um século atrás continua o mesmo. Ou serão as ideias do escritor tão poderosas, perenes, eternas que resistem ao transcurso dos anos? Ao leitor, o julgamento.

Ensaísta e articulista de jornal em diversas fases de sua vida - escrevendo, sobretudo, em A Província de S. Paulo e depois, com o advento da República, em seu sucedâneo, O Estado de S. Paulo -, Euclides analisa os fatos com tal acuidade que, se alguns textos, ou partes deles, fossem publicados com referência ao cenário atual, de fato muita gente não perceberia a defasagem do tempo. Os exemplos são gritantes. Vejamos alguns deles.

"Traçadas limpidamente as órbitas de todas as atividades, basta que sobre elas paire a vigilância severa das leis", escreve Euclides da Cunha em crônica de 5 de abril de 1892, no Estado. Eis uma singela aula sobre a transparência da atividade política, que deve ser desempenhada limpidamente, vale dizer, sem atos secretos de nenhum tipo... E cinco dias depois, no mesmo Estadão, apela o cronista para que vigore o Estado de Direito, insistindo no tema: "Voltamo-nos para esta velharia - a lei."

Em várias passagens de sua obra encontramos a expressão de revolta ecológica contra queimadas e desmatamentos. Eis uma: "Temos sido um agente geológico, nefasto, e um elemento de antagonismo bárbaro da própria natureza que nos rodeia." Em outra, acrescenta, revelando que o desdém por nossa flora é antigo: "Prolongamos ao nosso tempo esse longo traço demolidor, que vimos no passado." E que vemos ainda hoje, meu caro Euclides!

Resistem ao tempo tantas injustiças sociais, como o trabalho infantil e o trabalho escravo, e lá está Euclides a reclamar "a urgência de medidas que salvem a sociedade obscura e abandonada: uma lei do trabalho que nobilite o esforço do homem; uma justiça austera que lhe cerceie os desmandos".

Gigante é o legado do escritor ao seu povo. O próprio linguajar avoengo, arcaico, empregado por ele, é contribuição valiosa para manter a língua viva, com uma infinidade de vocábulos sonoros, que largam o dicionário para ganhar colorido em seus textos vigorosos.

De outro lado, destacados intelectuais que se dedicaram a pensar o Brasil depois dele beberam em suas obras muitas lições e diretrizes que irrigam as reflexões atuais sobre a sina nacional.

O ranço oligárquico, tão bem observado por Raimundo Faoro em Os Donos do Poder, há mais de 50 anos, e que domina o cenário político brasileiro em pleno século 21, também encontra guarida na análise percuciente de Euclides da Cunha, como na seguinte passagem: "Sem uma idade antiga, nem média, fomos compartir as primícias da idade moderna; o efeito foi que as nossas idades antiga, média e moderna confundiram-se, interserindo-se dentro das mesmas datas." Aí estão os coronéis com mandato parlamentar - para resumir os exemplos - que não nos deixam mentir...

Observe-se, ainda, a tão propalada cordialidade do homem brasileiro, no sentido conferido a ela por Sérgio Buarque de Holanda, ou seja, de que nossa gente é dotada de uma afetividade desbragada. Também esse conceito é esboçado por Euclides. É o caso de certo trecho de sua conferência Castro Alves e seu Tempo, proferida em São Paulo, em 1907, a convite do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Naquela palestra, com entrada paga pelos estudantes, visando a arrecadar fundos para a construção da herma do poeta dos escravos, Euclides já dizia: "Castro Alves não era apenas o batedor avantajado dos pensamentos de seu tempo. Há no seu gênio muita coisa do gênio obscuro da nossa raça. (...) Não foi o velho genial quem nos ensinou a metáfora, o estiramento das hipérboles, o vulcanismo da imagem e todos os exageros da palavra a espelharem, entre nós, uma impulsividade e um desencadeamento de paixões que são essencialmente nativos. (...) A emoção espontânea ainda nos suplanta o juízo refletido" (grifo nosso).

Inúmeras lições, enfim, deixou-nos o gênio morto há cem anos. E, apesar de todas as agruras de que foi testemunha entre o fim do período imperial e o início da era republicana, o autor de Contrastes e Confrontos (publicado em 1907) manteve-se otimista com o futuro do País, quando previu: ''Firmar-se-á, inevitavelmente, uma harmonia salvadora entre os belos atributos da nossa raça e as fórmulas superiores da República, empanados num eclipse momentâneo; e desta mútua reação, deste equilíbrio dinâmico de sentimentos e de princípios, repontarão do mesmo passo as regenerações de um povo e de um regime."

Oxalá a profecia euclidiana se torne realidade um dia. Nem que para isso sejam necessários mais 120 anos de República..

Em o Estado de São Paulo, página 2, dia 27/06/2009.

*Cássio Schubsky é editor e historiador. E-mail: cassio@letteradoc.com.br

terça-feira, 23 de junho de 2009

Governo percebe a importância da iniciativa

Projeto 100 anos sem Euclides aprovado pelo Pronac

Na última quinta-feira, dia 18 de junho, saiu a aprovação do projeto "100 Anos sem Euclides" junto à lei de mecenato do Pronac. Fruto de muita luta em nome da memória do autor de uma das obras mais importantes da literatura Nacional, Os Sertões, essa aprovação significará a possibilidade de realizar as atividades artístico-culturais do seminário internacional, como a apresentação de números musicais e teatrais, a exibição de filmes e debates, além do seminário propriamente dito e da edição de um livro com o conteúdo das conferências, mesas redondas e do seminário realizados.

O Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), do Ministério da Cultura, possui três mecanismos de estímulo a projetos culturais: o Fundo Nacional de Cultura (FNC), os Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) e os incentivos a projetos culturais (Mecenato). Nesta última possibilidade de patrocínio que foi contemplado o Projeto 100 anos sem Euclides.

Contando também com o determinante apoio institucional da UERJ, e mais fortalecido do que nunca, o projeto Euclides segue rumo à sua culminância a todo vapor e agradece o incentivo recebido dos seus mais diversos parceiros e colaboradores.

Para mais informações sobre essa importante conquista, clique aqui e vá ao site do Pronac.

Idéias que dão certo (2)

Colégio De Cantagalo é exemplo de Boas práticas na educação
Instituição homenageia escritor que lhe dá nome com um planejamento exemplar de atividades culturais entre seus alunos


Como não poderia deixar de ser, o Colégio Euclides da Cunha, em Cantagalo, decidiu revisitar a obra do escritor brasileiro e cantagalense que dá nome à instituição. Com diversas iniciativas entre os alunos de todas as séries, o colégio toca o projeto "Euclides com Euclides - Conhecendo o passado para escrever o presente” e entrelaça o passado de Euclides, de Cantagalo e do próprio colégio.

Os alunos produziram vídeos, tirinhas de quadrinhos e desenhos, entre muitos outros trabalhos, com menção à obra de Euclides e às temáticas caras ao autor, com foco especialmente nas relacionadas à Ecologia e à Amazônia.

O site do Projeto "100 anos sem Euclides" e esse blog acreditam nas boas idéias para a educação e para a promoção da obra de Euclides da Cunha e divulgam alguns dos trabalhos feitos pelos estudantes como forma de render méritos a todos os envolvidos e inspirar o surgimento de mais iniciativas como essa.

Vídeo Fazedores de Desertos

Tirinha

Charge sobre Euclides no Alto Purus


Seminário sobre Euclides no Ensino Médio

Vídeo sobre a ameaça ao Bioma Amazônico

Confira, no Blog do colégio, as fotos de uma inicitiva bem sucedida em prol da boa educação.

Canto e interpretação para o autor de Os Sertões durante a FLIP



*Foto de ensaio do dia 21 de julho


Ruas de Paraty se transformam em palcos para homenagem teatral ao centenário da morte de Euclides da Cunha

Poesias e canto em meio à literatura vão movimentar as ruas de Paraty na noite do dia 3 de julho, sexta-feira, durante a 7ª Edição da Flip - Festa Literária Internacional de Paraty. Desdobramento do livro Quatro Cantos de Euclides, do barramansense Thiago Cascabulho, o espetáculo teatral Cantos de Euclides vai representar e relatar quatro fases da vida do escritor Euclides da Cunha, cujo centenário de morte é completado em agosto deste ano.


Quando o relógio marcar 21 horas e 30 minutos, as principais ruas de Paraty serão tomadas por quarenta artistas - entre atores, músicos, dançarinos - que seguirão em procissão em meio ao público, que poderá optar por interagir ou apenas contemplar a homenagem. Serão cinco paradas/etapas. Cada uma representa uma fase da vida e obra do autor de Os Sertões.


O show se inicia em frente à Igreja do Rosário, com o maculelê que apresenta os personagens. Em procissão, elenco e público partem para frente da Casa da Cultura, onde uma roda de samba – que conta os primeiros anos do militar e engenheiro Euclides – aguarda. Em seguida, todos são levados até a Igreja de Santa Rita para conhecer o baião que fala sobre Os Sertões. Ao final da canção, o público é convidado a olhar para a orla, onde um barco passa com violeiros que tocam a moda de viola que narra às aventuras de Euclides da Cunha na Amazônia. Mais adiante, no próprio gramado da Santa Rita, o espetáculo culmina em uma grande roda de ciranda, representação tradicional do imaginário popular brasileiro.


Todas as canções fazem referência direta ou indireta a textos do próprio Euclides da Cunha ou a acontecimentos de sua vida, por exemplo: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, nos versos 1 e 2.

Cantos de Euclides é uma realização do Coletivo Teatral Sala Preta, com direção artística assinada pelos integrantes Bianco Marques, Danilo Nardelli e Rafael Crooz e direção de produção de Marcelo Bravo. A produtora carioca Caraminholas assina a co-produção. Diversos grupos artísticos da Região Sul Fluminense participam com percussão, interpretação, coral e quarteto de cordas.


Entre as participações : Grupo de Estudo de Percussão do ECFA, Grupo As Bastianas, Projeto Música nas Escolas de Barra Mansa, além dos atores: Thiago Delleprane, que interpreta Euclides da Cunha, Luana Dhickman, Suzana Zana, Luana Dieckman, Marinêz Fernandes , Lúcio Roriz, Aline Mara, Clarissa Anastácio, Diane Tavares, Elisa Carvalho,Jessica Zelma e Lucas Fagundes.

Idéias que dão certo

Professor-aventureiro Navega o Rio Purus de caiaque em companhia de Euclides da Cunha
Com muita disposição para lutar pela educação, coronel do colégio militar de Porto Alegre usará relatos da viagem em sala de aula


Por Fabiana Leal*

Uma expedição de 57 dias, pela iniciativa denominada
Projeto-Aventura Desafiando o Rio-Mar, feita de caiaque pelo professor do Colégio Militar de Porto Alegre, coronel Hiram Reis e Silva, no rio Solimões, na Amazônia, terminada em fevereiro deste ano, virará um livro "escrito a mil mãos". O material vem sendo trabalhado em sala de aula com os estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, num esforço para aproximá-los de toda temática multidisciplinar presente nos escritos de Euclides da Cunha, do começo do século vinte, sobre a região isolada, chamada Purus.

Segundo o professor-aventureiro"A idéia é entregar um livro não acabado para eles trabalharem", disse Hiram. "Por enquanto, escrevo o meu livro. A idéia é que depois os alunos façam o trabalho, que peguem os relatos que fiz durante a viagem e ampliem. Há muitas citações de cientistas e muita coisa que foi contada, como lendas, tradições e histórias", afirmou.
As peculiaridades locais, a análise da história, da flora, da fauna, da hidrografia e dos povos da floresta foram captados pelo professor durante a descida do rio Solimões de caiaque. O meio de transporte foi utilizado para baratear o custo da expedição, para não utilizar combustíveis poluentes e para não afugentar a fauna, facilitando inclusive o acesso aos locais mais remotos.

Durante o percurso, o coronel Hiram disse que se ateve à literatura usando Euclides da Cunha. "Além de ser excelente escritor, conhecia a região. Eu o utilizei até para valorizá-lo, pois ele é bastante esquecido." O professor disse que muitas vezes conseguiu verificar
in loco as descrições feitas pelo escritor. "Nos relatos, ele fala que o Solimões é tributário dele mesmo. A água do Solimões vai até o (rio) Japurá e retorna ao Solimões pelo próprio Japurá".

Segundo o Coronel, "Euclides da Cunha é único e sua visão holística serve de exemplo às novas gerações". Ele completa ainda, "A visão holística de Euclides é caracterizada pelos seus comentários de cunho antropológico, aspectos do relevo, solo, fauna, flora, clima da região e sobre o caráter divagante do rio Purus, baseados na concepção do 'ciclo vital'. Durante a viagem ao Purus, Euclides teve o cuidado de recolher amostras de fósseis e rochas, posteriormente encaminhadas ao Museu do Pará".

O material será aproveitado em sala de aula. "As disciplinas de geografia, história estão muito fixadas. Na parte da biologia, trouxemos plantas. Estamos verificando o princípio ativo delas. Esse trabalho está sendo feito por uma professora do Colégio Militar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Também um glossário que trouxemos será aproveitado na disciplina de português", explicou. A experiência também será divulgada por meio de palestras em universidades, lojas maçônicas e outras instituições. Além de um trabalho multidisciplinar e interdisciplinar, o objetivo do professor é lutar pela soberania da Amazônia.

*com adaptações

Laboratório Cinema Paraíso

Laboratório Cinema Paraíso apresenta Euclides
Iniciativa cultural traz filme sobre o autor que foi enviado aos confins da Amazônia em nome da paz.

O Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso realizará mais uma sessão SEGUNDA DE PR¡ME¡RA, apresentando o filme : A PAZ É DOURADA, com a presença do Diretor Noilton Nunes. O longa metragem é um filme inspirado na vida e obra do escritor Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, livro sobre a guerra de Canudos ocorrida no final do século XIX no interior da Bahia, que se tornou um clássico da literatura em português.

Em 1904, à convite do Barão do Rio Branco, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Euclides parte para a Amazônia, chefiando uma expedição com o objetivo de evitar uma guerra com o Peru, por conta da demarcação de territórios e da borracha. O filme destaca Euclides como um mensageiro da Paz e do entendimento entre os povos e os pensamentos pacifistas e ecológicos de Euclides com proposta clara de participação positiva no movimento internacional pela Cultura da Paz.

O Laboratório de Audiovisual Cinema Paraíso está em funcionamento desde agosto de 2007, na Faculdade de Professores da UERJ. Tem como missão ser um espaço de experimentação, criação e resistência.

O filme A Paz é Dourada será exibido na próxima segunda-feira, dia 29 de junho de 2009, às 18h, no miniauditório da Faculdade de Formação de Professores da UERJ, na Av. Francisco Portela 1470 – Patronato – Paraíso, em São Gonçalo - RJ.

Mais uma do Livroclip

Camões para todos no Livroclip
Site de animações educativas lança novo vídeo sobre o grande poeta português

Não podemos deixar de lembrar que no dia 10 de junho passado, foi o Dia da Língua Portuguesa. Isso mesmo! A data comemorativa foi criada em homenagem ao grande escritor Luiz Vaz de Camões. Para não perder os festejos, o site LivroClip, parceiro do projeto Euclides, apresenta o curta-metragem para internet “Os Lusíadas”, de três minutos de duração.


O trailer traz os principais personagens históricos e as aventuras da maior expedição da humanidade. É uma ótima oportunidade para trabalhar o tema em sala de aula. Visite o hot site da animação, baixe gratuitamente as opções de “Wall Paper” e deixe uma dica no “Espaço do Professor”.

Colóquio

Euclides Socialista no Pen Clube
Cicero Sandroni faz conferência ao encerrar colóquio sobre Euclides

No PEN Clube do Brasil encerrou-se nessa quarta-feira, dia 17 de junho, coordenado por Paulo Roberto Pereira, o Colóquio“Centenário de Euclides da Cunha”. A última palestra do evento foi realizada pelo doutor Cícero Sandroni, que dispensa apresentações por ser escritor, presidente da ABL e membro do PEN Clube do Brasil. A conferênca da noite, entitulada “Euclides da Cunha jornalista”, discutiu o texto do escritor denominado “Filhos do Trabalho”, que teria sido redigido por Euclides da Cunha em 1899, mas só publicado em O Proletário em 1º de maio de 1901.
Como tudo que diz respeito a Euclides da Cunha, porém, o viés socialista do autor de Os Sertões é um tema envolto em polêmicas e contestações. Segundo texto de Luiz Erthal em seu blog Toda Palavra, a intelectualidade Brasileira tenta banir Euclides da Cunha por atribuir ao autor a marca de retrógrato e reacionário, mas esquece ser ele o criador da maior obra da literatura brasileira.

Nas palavras de Cícero Sandroni, fica marcada a reflexão sobre a postura revolucionária de Euclides, que se pode caracterizar até como socialista; pode-se dizer que esse pensamento do autor da narrativa de guerra sertaneja seja nascido da desilusão profunda em relação aos ideais repubicanos surgida com o desfecho covarde da guerra de Canudos.

Tempo depois, ao seguir para o alto-purus, Euclides adota uma visão mais crítica do que a lançada sobre o sertão da Bahia, bem mais próxima dos ideais socialistas do que do positivismo republicano. Inclusive quando o silêncio impera em seu texto (Judas Ashverus), como meio de expressar o que não pode mais ser alcançado pela reforma proposta pela ciência e nem pela igualdade falseada da propaganda republicana; o que não poderá ser reparado evidentemente se a sociedade continuar fechando os olhos para a ruína e usando o ouro na rua do ouvidor (como no poema As Catas).

Segundo as palavras de Luiz Erthal, "lamentavelmente, essa visão distorcida (de um Euclides Atiquado e reacionário) tem contagiado com sua miopia o mercado editorial no ano do centenário de morte de Euclides e para sombreá-lo perante as novas gerações, conforme pesquisa feita pelo blog em 46 universidades brasileiras.