terça-feira, 23 de junho de 2009

Colóquio

Euclides Socialista no Pen Clube
Cicero Sandroni faz conferência ao encerrar colóquio sobre Euclides

No PEN Clube do Brasil encerrou-se nessa quarta-feira, dia 17 de junho, coordenado por Paulo Roberto Pereira, o Colóquio“Centenário de Euclides da Cunha”. A última palestra do evento foi realizada pelo doutor Cícero Sandroni, que dispensa apresentações por ser escritor, presidente da ABL e membro do PEN Clube do Brasil. A conferênca da noite, entitulada “Euclides da Cunha jornalista”, discutiu o texto do escritor denominado “Filhos do Trabalho”, que teria sido redigido por Euclides da Cunha em 1899, mas só publicado em O Proletário em 1º de maio de 1901.
Como tudo que diz respeito a Euclides da Cunha, porém, o viés socialista do autor de Os Sertões é um tema envolto em polêmicas e contestações. Segundo texto de Luiz Erthal em seu blog Toda Palavra, a intelectualidade Brasileira tenta banir Euclides da Cunha por atribuir ao autor a marca de retrógrato e reacionário, mas esquece ser ele o criador da maior obra da literatura brasileira.

Nas palavras de Cícero Sandroni, fica marcada a reflexão sobre a postura revolucionária de Euclides, que se pode caracterizar até como socialista; pode-se dizer que esse pensamento do autor da narrativa de guerra sertaneja seja nascido da desilusão profunda em relação aos ideais repubicanos surgida com o desfecho covarde da guerra de Canudos.

Tempo depois, ao seguir para o alto-purus, Euclides adota uma visão mais crítica do que a lançada sobre o sertão da Bahia, bem mais próxima dos ideais socialistas do que do positivismo republicano. Inclusive quando o silêncio impera em seu texto (Judas Ashverus), como meio de expressar o que não pode mais ser alcançado pela reforma proposta pela ciência e nem pela igualdade falseada da propaganda republicana; o que não poderá ser reparado evidentemente se a sociedade continuar fechando os olhos para a ruína e usando o ouro na rua do ouvidor (como no poema As Catas).

Segundo as palavras de Luiz Erthal, "lamentavelmente, essa visão distorcida (de um Euclides Atiquado e reacionário) tem contagiado com sua miopia o mercado editorial no ano do centenário de morte de Euclides e para sombreá-lo perante as novas gerações, conforme pesquisa feita pelo blog em 46 universidades brasileiras.

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