quinta-feira, 23 de abril de 2009

Conferência

Euclydes da Cunha, “o bastião libertário iluminado pelo Sol da inteligência”

Edmo Lutterbach fala em colóquio sobre a infância e Juventude do autor de Os Sertões, no Pen Clube, no Rio.

Em conferência proferida no dia 15 de abril de 2009, no Pen Clube do Brasil, no Rio de Janeiro, o Ilustre Dr. Edmo Rodrigues Lutterbach, da Academia Fluminense de Letras, nos brindou com seu conhecimento falando sobre a infância e a adolescência de Euclides da Cunha, a quem chamou de “o bastião libertário iluminado pelo Sol da inteligência”. As impressões do Dr. Edmo sobre o escritor são dignas de especial interesse, posto que ele morou na Fazenda da Saudade, em Cantagalo, no Rio de Janeiro, onde Euclides nasceu. O Colóquio Centenário Euclides Da Cunha tem conferências às Quartas-feiras, às 18h, na sede do PEN Clube do Brasil, Praia do Flamengo, 172 - 11o andar - Flamengo - Rio de Janeiro, informações: (21) 2556-0461, E-mail penclube@ig.com.br. O Blog do projeto saúda o conferencista e parceiro da iniciativa e apresenta aqui uma edição de sua conferência em três partes, segue a primeira delas

Como foi a infância, a adolescência, a mocidade, a vida, enfim, interrompida aos 43 anos, 6  meses e 27 dias, do Euclydes?

Contava 3 anos, seis meses e 4 dias quando perdeu a mãe, Eudóxia Moreira da Cunha, falecida em 1° de agosto de 1869. Órfão, foi ele levado, com a irmã Adélia, que nascera em 9 de agosto de 1868, para a casa dos tios maternos, Rosinda e Urbano, que residiam em Teresópolis.

Falecendo Rosinda, é Euclydes conduzido para a Fazenda São Joaquim, no Município de São Fidelis, pertencente a outros tios maternos: Laura e Cândido José de Magalhães Garcez, No Instituto Colegial Fidelense daquela cidade, se inicia o garoto de oito anos seus estudos.

Decorridos três anos, 1877, passa à residência da avó paterna, na velha cidade da Bahia de Todos os Santos, futura Salvador, e é colocado no Colégio Bahia, ao tempo dirigido pelo grandíssimo mestre de Ruy Barbosa, Ernesto Carneiro Ribeiro e o Cônego Lobo. 

Dois anos adiante, 1879, vem para o Rio de Janeiro, passando a residir na casa do tio paterno Antônio Pimenta da Cunha – no Largo da Carioca; e estuda nos Colégios Anglo-Americano, Vitório da Costa e Menezes Vieira. Um quatriênio depois entra para o Colégio Aquino, onde tem por professor o inesquecível niteroiense Benjamim Constant Botelho de Magalhães. 

Presta, no ano 1885, exames na Escola Politécnica, na qual ingressa, mas assiste aulas somente por um ano. No mês de fevereiro de 1886, matricula-se no curso de Estado-Maior e engenharia militar da Escola Militar, aí conhece Alberto Rangel, Lauro Müller, Cândido Mariano da Silva Rondon e Tasso Fragoso. 

A 4 de novembro de 1888, é anunciada a chegada de José Lopes da Silva Trovão, da Europa, dia de folga dos alunos, e haviam eles combinado prestar uma homenagem ao extraordinário tribuno republicano (nota do Blog: em um tempo em que se discutia a mudança da monarquia para a república no Brasil - no ano seguinte sairia vitoriosa a forma de governo republicana). 

Tomando ciência do que ocorria, o comandante da Escola, General José Clarindo de Queiroz, marcou inspeção na mesma, a fim de impedir que participassem eles do acontecimento, o que os contrariou muito, e o cadete Euclydes declarou aos companheiros que a medida do General não ficaria sem um protesto. À hora da revista às tropas, pelo Ministro da Guerra, Tomás Coelho, percebeu Euclydes que os colegas se esqueceram do pacto firmado, não se insurgindo contra o ato do Comandante da Escola, que impediu que comparecessem os alunos ao desembarque de Lopes Trovão. Ao chegar a sua vez, destemidamente ameaça quebrar o sabre no joelho e o atira ao chão. Foi retirado de forma, recolhido a uma enfermaria do hospital do Exército; em seguida, recolhido à Fortaleza de Santa Cruz, em Niterói, e desligado do Exército. Nesse ano, Júlio de Mesquita, diretor do jornal A Província de São Paulo (atual O Estado de São Paulo), o convida para escrever sobre a campanha republicana. 

Viaja, Euclydes à capital paulista, contudo regressa no ano imediato. No dia 16 de novembro, aqui chegando, toma conhecimento por um amigo da Politécnica, Edgar Sampaio, da derrubada da Monarquia; e o chama para um encontro, à noite, na casa do tio, Major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro, ocasião em que conhece Ana Emilia, a “Saninha”, jovem de 19 anos, filha de Sólon Ribeiro, com a qual o convidado Euclydes iría se casar no dia 10 de setembro de 1890. 

Consegue retornar ao Exército, com o apoio do major Sólon, que pediu sua integração ao então Ministro da Guerra, Benjamim Constant Botelho de Magalhães. Faz prova para ingresso na Escola Politécnica, prosseguindo seus estudos de engenharia.


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