segunda-feira, 13 de julho de 2009

Thiago Cascabulho responde

Entrevista com o autor do livro Quatro Cantos de Euclides


Thiago Cascabulho, jornalista, poeta e autor do livro Quatro Cantos de Euclides, além de grande realizador através de sua produtora, a Caraminholas, do espetáculo teatral de mesmo nome na FLIP, concedeu uma breve entrevista ao Projeto 100 anos sem Euclides, falando um pouco sobre sua trajetória artística, sua relação com Euclides da Cunha, e sobre as expectativas a respeito de seu livro.


Projeto Euclides - Qual a sua relação com a obra de Euclides da Cunha? Conte como descobriu o interesse pelo Autor?

Thiago - Meu primeiro contato com Euclides foi no colégio, quando li em sala alguns trechos de Os Sertões. Muito tempo depois, já jornalista e cursando a segunda graduação, letras, vi que muitas obras brasileiras fazem referência direta à obra do escritor. Aos poucos foi nascendo uma curiosidade em mim, uma vontade de conhecer mais. Foi com a proposta para participar do projeto “100 anos sem Euclides” que finalmente mergulhei na obra de Euclides. Foram seis meses de leitura e pesquisa.


Projeto Euclides - Fale um pouco sobre suas influências estéticas e sobre sua obra como poeta.

Thiago - Minha poesia nasceu com a adolescência, aos 13 anos. Influenciado por meu pai, que é um médico-escritor e por minha mãe - ambos vorazes leitores – li muita poesia brasileira, do arcadismo ao modernismo, passando pela literatura latina em geral. Sou muito influenciado por estas leituras e por uma formação cultural bem aberta, que vai do clássico ao popular. Ultimamente a música influencia muito a minha poesia. Busco falar o máximo no mínimo. A simplicidade.


Projeto Euclides - A musicalidade é o que se pode chamar de aposta do seu livro para despertar o interesse dos jovens. Quais sugestões de atividades pedagógicas relacionadas ao Livro no âmbito da escola você nos poderia dar?

Thiago - Eu vejo infinitas possibilidades. Quero que o livro seja devorado, letras, melodias e ilustrações. Uma boa pedida é explorar o livro com os alunos, deixar que eles usem suas próprias referências de vida para interpretar as passagens da vida e obra de Euclides. Que eles também produzam seus textos e desenhos. Que dancem e cantem os ritmos brasileiros propostos. Gostaria que os professores abraçassem a idéia de que estudar Euclides é uma forma de estudar o Brasil de ontem e hoje.

Projeto Euclides - Você acha que a literatura chamada consagrada se distancia do interesse estudantil por conta da maneira que é apresentada nas escolas? O seu livro é para você um esforço no sentido de restabelecer esse interesse?

Thiago - Acho que, em geral, os alunos não tem base alguma de leitura quando começam a ler os clássicos. Por isso são tão difíceis para eles. Além disso, quem não criou hábito de ler quando criança, vai ter dificuldades de interpretar qualquer tipo de texto no futuro. O mesmo vale para os professores. O meu livro torna a obra de Euclides um pouco mais acessível para os pequenos, mas é extremamente essencial que o professor conheça o original. Basta ter boa vontade.


Projeto Euclides - Você é blogueiro, escreve poesia e troca constantemente experiências por meio digital, inclusive seu livro será disponibilizado na rede. A internet tem influência indiscutível na formação do interesse das novas gerações. Você acha que o livro tradicional, de papel, estático, se torna desinteressante para o aluno que acessa constantemente o universo em movimento da internet?

Thiago - Eu acredito que a literatura vai se fundir cada vez mais à internet. Eu mesmo sou muito influenciado pelos recursos da rede, como pode ser visto na poesia “Entre Parênteses”, que está no meu blog - http://cascabulhices.blogspot.com/. No entanto, é bom lembrar que o meio muda, mas a literatura permanece, seja na pedra, papiro, pergaminho, papel ou tela.


Projeto Euclides - Que outros projetos ou idéias suas estão em desenvolvimento?

Thiago - Tenho o Projeto Douradinho(www.projetodouradinho.com.br) que foi realizado ano passado e está em fase de reestruturação para este ano. Além disso, o Coletivo Teatral Sala Preta - responsável pelo espetáculo que realizamos sobre o Quatro Cantos de Euclides na FLIP – também adaptou meu livro “Amiga Lata, Amigo Rio” e já está rodando o Estado. Tenho também outros livros na fila para a publicação, como o “Reinações de Lúcia Batata” e a reedição do “Jujuba, princesa do Jardim”, que foi lançado em 2005.

por Raphael Pereira

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