Euclides da Cunha: uma poética do espaço brasileiro
Exposição na Fundação Biblioteca Nacional homenageia o centenário de morte do escritor
A exposição Euclides da Cunha: uma poética do espaço brasileiro, na Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, instituição vinculada ao Ministério da Cultura, está aberta desde agosto no Espaço Eliseu Visconti. Lá Estão à mostra cerca de 130 peças do acervo da Biblioteca Nacional, além de itens pertencentes a instituições irmãs - Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Museu da República.
Com curadoria do acadêmico e poeta Marco Lucchesi, a exposição em homenagem ao centenário de morte do escritor é composta por três segmentos inspirados em trechos da obra de Euclides: A base física da nossa nacionalidade, Um paraíso perdido e O pequeníssimo vilarejo onde nasci.
No primeiro segmento, aborda-se a relação de Euclides da Cunha com a guerra de Canudos: a bibliografia existente sobre o Nordeste brasileiro na época, mostrando um pouco do que se conhecia da região, suas características físicas e humanas; a história de Canudos mostrada através de diversas fotografias e de reportagens publicadas em jornais; e a produção do livro Os Sertões, obra-prima do escritor, mundialmente conhecida.
No segundo, serão apresentadas peças relacionadas à produção intelectual de Euclides sobre a Amazônia, região que ele conheceu em 1904, ao participar da Comissão de Reconhecimento das Nascentes do Rio Purus. Aqui aparecem as mesmas características encontradas na confecção de Os Sertões: a empreitada de um homem cujas preocupações perpassam o culto à língua falada no Brasil, o ensaísmo e um vocabulário veemente a descrever tipos humanos e aspectos naturais.
O livro mais conhecido desse período, À margem da história, descreve com abundância de detalhes uma região esquecida pelo poder público ao longo dos séculos, mas que se tornou estratégica nos primeiros anos do período republicano brasileiro e que trazia em seu bojo um nacionalismo incipiente. Livros, periódicos, manuscritos e uma instigante iconografia serão distribuídos de forma a proporcionar ao visitante a compreensão do processo de construção da visão de Euclides da Cunha sobre a Amazônia.
O terceiro e último segmento da exposição oferece uma imagem dos aspectos biográficos de Euclides: sua relação com a família, com o trabalho técnico e a literatura. Poesia, ciência e a rotina pessoal estão representadas por manuscritos, livros e imagens, com destaque para as cartas trocadas entre o escritor e seus filhos, os cadernos com exercícios e o texto Estrelas indecifráveis, resumo e confissão de um espírito irrequieto, que dedicou especial atenção às questões de seu tempo.
Entre as curiosidades da exposição, encontram-se a primeira edição de Os Sertões (1902), onde se observam correções feitas à mão ao longo do texto pelo próprio autor e resquícios de munição utilizada na Guerra de Canudos - pertencentes ao acervo particular do curador. Um dos maiores nomes da literatura brasileira, Euclides da Cunha destacou-se também como sociólogo, repórter jornalístico, historiador e engenheiro.
O acesso ao Espaço Eliseu Visconti se dá pelo jardim da FBN, à Rua México, s/nº Centro - Rio de Janeiro. De segunda a sexta, das 10h às 17h; sábados, das 10h às 15h. A entrada é franca.
(Fonte: Assessoria de Imprensa da FBN)
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