segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Documentário ‘O Mão de Luva’ é exibido em praça pública, em Cantagalo

Produção, que conta a história de Mão de Luva, suposto fundador de Cantagalo, também foi exibida no início deste ano pela TV Brasil

O cineasta Sílvio Coutinho (E) e a atriz Carla Pompílio, narradora do documentário, durante visita a Cantagalo para negociar a produção - Foto: Divulgação
Cantagalo - Fazendo parte da programação do primeiro dia do II Caminho Cultural Euclidiano, evento que marca os 102 anos de morte do escritor cantagalense Euclides da Cunha e os 109 anos de lançamento de livro ‘Os Sertões’, sua mais importante obra, o documentário ‘O Mão de Luva’, de Sílvio Coutinho, foi exibido na Praça Cônego Crescêncio Lanciotti, a Praça da Matriz, no Centro da cidade, no último sábado, 29 de outubro, com participação do Cine Sesc.

O documentário, em longametragem de cerca de 72 minutos, destaca um pouco da história de fundação do município de Cantagalo a partir da chegada do bandoleiro Manoel Henriques, o Mão de Luva, que atravessara o Rio Paraíba do Sul, por volta de 1780, e buscara garimpar ouro ilegalmente na região, até então desconhecida e inexplorada. “Ele foi precursor de Tiradentes, sonegando o quinto antes. Inclusive, para quem não sabe, Tiradentes esteve aqui, na região, procurando por Mão de Luva no século XVIII”, afirma o cineasta, que também produziu, em Cantagalo, o longametragem ‘Remissão’, rodado em 2006, uma obra fictícia e que teve como locação a Fazenda Areias, em Boa Sorte, quinto distrito do município.

Na produção, a isenção é o ponto forte para mostrar duas importantes facetas do tema: uma fictícia, meio romanciada e preservada pelo folclore popular, e outra, tida com a real, baseada em documentos e pesquisas e defendida pelos historiadores e pesquisadores. “Os relatos, os documentos, as dramatizações e simulações, além da isenção por parte da produtora chamam ainda mais a atenção para esse que passa a ser mais um documento de importância histórica”, destaca o secretário de Cultura de Cantagalo, Rafael Carvalhaes.

A exemplo do longa ‘Remissão’, o documentário utiliza atores cantagalenses para simular as personagens envolvidas na história. “Poucas cidades brasileiras têm a riqueza da história de Cantagalo, seja ela a fictícia ou a verdadeira. O fato é que ambas são fascinantes e merecem ser destacadas e até imortalizadas”, diz Sílvio Coutinho, acrescentando que o trabalho mobilizou mais de 40 pessoas e levou mais de um ano para ficar pronto. “Inicialmente, foram cerca de seis meses de pesquisas, mais um mês de gravação em Cantagalo, outro mês de gravação no Rio de Janeiro e mais de quatro meses de edição”, informa.

No início deste ano, ‘O Mão de Luva’ foi exibido, de forma inédita, pela TV Brasil. A produção da TV Brasil, ex-TV Educativa, considerou a produção como fundamental no contexto histórico brasileiro, de um personagem pouco conhecido, mas que foi muito importante no século XVIII, e que o brasileiro precisa conhecer. Com isso, o documentário também será gerado para outros países de língua portuguesa, como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné-Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Macau (China) e Portugal. No último dia 21 de outubro, o documentário voltou a ser exibido pela TV Brasil.

O diretor agora está negociando com a Prefeitura a aquisição do documentário. Há pouco tempo, Sílvio Coutinho esteve na cidade acompanhado da atriz, dubladora e jornalista Carla Pompílio, narradora do documentário, para entregar à Prefeitura suas propostas, nas quais propõe licenciamento em caráter vitalício da obra para o município. “É um documentário que interessa muito ao município de Cantagalo, porque trata da sua própria história de fundação, envolvendo algumas personagens importantes, entre elas o contrabandista Manoel Henriques, o Mão de Luva. Antes da descoberta recente, em Portugal, de documentos que comprovam a existência de Mão de Luva, o documentário, realizado em 2007, mostra cartas de mais de 220 anos, todas coletadas no Arquivo Nacional, que tornam essa história bastante interessante e consolida o trabalho como mais um documento que transcende em importância os limites de Cantagalo, já que se trata de história do próprio país”, relata Sílvio Coutinho.

De acordo com cineasta, o licenciamento dá direito ao município de utilizar o documentário, exibi-lo quantas vezes forem necessárias ou de interesse da Prefeitura, tanto em locais públicos quanto em recintos fechados, podendo distribui-lo em escolas, disponibilizá-lo nas bibliotecas, entre outras formas. “É um trabalho de cunho educacional, cultural e informativo, mas também de uma história fascinante, dessas que a gente não ouve falar em nenhum outro lugar”, destaca.

Em 2007, o trabalho, ainda sem finalização, chegou a ser exibido a portas fechadas para um seleto grupo que envolveu autoridades municipais, historiadores e pesquisadores da história do município, entre eles o prefeito Guga de Paula e o pesquisador Henrique Bon, um dos que aparecem no documentário com depoimentos ao lado de Clélio Erthal, outro ilustre pesquisador da história da região. Na época, o prefeito se interessou pelo trabalho, dada à sua importância como documento, e até opinou, sugerindo algumas pequenas alterações, que, segundo Sílvio Coutinho, foram aproveitadas. A produção também traz depoimentos e histórias, algumas bem-humoradas, de moradores da região.

A atriz e dubladora Carla Pompílio revelou que nunca tinha ouvido falar da história de Mão de Luva. “Aqui, na região, ela é conhecida, mas fora daqui, não, mesmo sendo de uma grande importância histórica. A verdade é que me apaixonei durante a narração, até porque existe por trás de tudo uma história de amor muito linda de uma personagem marcante a história e que precisa ser estudo e reconhecido”, opinou.

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