Gabriel Garcia Ribeiro de Arruda, o vencedor da Maratona Intelectual Euclidiana (Área: Ensino Médio) do ano de 2011, tem apenas 16 anos, mas já participou de cinco edições da Maratona, tendo obtido excelentes resultados em todas elas: um quarto lugar, um segundo lugar e, nada mais nada menos, que dois primeiros lugares. Ele é filho de uma euclidiana histórica em S. José do Rio Pardo, a Prof.a Dr.a Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda – o que prova que incentivo à leitura desde o berço, bem como o contato precoce com o legado de Euclides da Cunha, podem transformar as perspectivas dos jovens envolvidos nos múltiplos eventos euclidianos.
Ainda em dúvida sobre que carreira seguir – Gabriel vai cursar o 3.o ano do Ensino Médio em 2012 e já se prepara para as escolhas profissionais e acadêmicas –, o vencedor da Maratona Euclidiana 2011 está entre o Direito, a Química e a Engenharia, mas não descarta a possibilidade de fazer ainda uma segunda graduação em Filosofia. Jovem tipicamente antenado às diversas linguagens de seu tempo, Gabriel se diz apaixonado por artes em geral. “Sinto que, quando transformamos uma paixão num dever e trabalho, parte do amor que temos por ela se perde. Também gosto muito de fotografia, música e das outras belas artes. Cozinhar (e comer) é outra coisa que amo. Já fiz aulas de violino, flauta doce, coral, pintura, artesanato...”, diz ele, confidenciando que não gosta de estudar por estudar, mas sim para dar sentido a seus projetos de vida e, acima de tudo, para ter prazer no que faz.
Em breve entrevista ao site do Projeto 100 Anos Sem Euclides, Gabriel fala de seus projetos para 2012, sobre a importância da Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo e sobre seu envolvimento pessoal com o euclidianismo:
1. Como você se tornou leitor de Euclides?
Sem dúvida nenhuma, me tornei leitor e fã de Euclides pelo meio em que vivo. Minha mãe sempre manteve esse euclidianismo com ela, como professora e ex-aluna do Ciclo, e sua influência me levou a conhecer o autor d'Os Sertões. Além do que sempre achei lindo o desfile de abertura da Semana Euclidiana, que me fez, desde bem pequeno, a tentar saber quem era o homem para o qual o desfile é dedicado. Quando comecei no Ciclo de Estudos, só se podia entrar se estivesse ao menos no sexto ano, não havia a "Área Inicial" que há hoje para alunos do quarto e do quinto anos do Ensino Fundamental. Se houvesse, com certeza eu teria participado e me tornado leitor das obras ainda mais cedo.
2. E o que significou para você participar de um evento como a Semana Euclidiana, que já vai para a sua 100.a edição?
Significa muito. A história, para mim, significa muito. Poder participar de um evento centenário, do qual já participaram vários expoentes do pensamento brasileiro, e contar com as aulas e palestras de pessoas que têm tanto a ensinar sem dúvida faz com que eu me sinta privilegiado, pois infelizmente nem todos têm essa oportunidade, e nem todos os que a têm aproveitam essa chance.
3. A que você atribui o sucesso de sua participação na Maratona Euclidiana? De que forma você desenvolveu o tema escolhido na redação que compôs a prova final?
Talvez meu resultado seja fruto do fato de eu realmente gostar do que fiz. Faço a Maratona porque eu gosto, e não porque busco status ou alguém me pressiona a fazer. Ninguém é feliz se não fizer o que gosta. Eu apenas estou buscando a felicidade. Não gosto de estudar. Não gosto de ficar preso ao que eu aprendo na escola. Gosto de aprender, de procurar, de caminhar rumo ao conhecimento. Dedico meu tempo livre, na maior parte, a ou ler e pesquisar na internet assuntos de meu interesse (gosto de política, filosofia e também das ciências naturais/exatas), ou a ler livros destes mesmos assuntos. Isso me ajuda a ter uma base sólida para a construção de argumentos. Para a dissertação da Maratona, eu busco sempre levar em conta o peso da história. Da história de Euclides, de Canudos, da Amazônia, do Brasil. E principalmente da própria Maratona. Um peso de um século ela carrega, e isso não é algo desprezível. É se apoiando no passado que podemos vislumbrar o futuro.
4. Concluindo, como você avalia a importância deste tipo de evento para a cultura brasileira e os estudos euclidianos?
Que dicas você daria para os próximos maratonistas?A Semana Euclidiana é um evento que nos desperta para as barbáries e escândalos que assolam o Brasil e o Mundo, e nos mostra que a violência, de todos os tipos, é um mal que acompanha a humanidade. Ela gera pessoas mais preocupadas com o próximo, e nos mostra como um autor que nasceu no século retrasado tomou o papel de advogado dos esquecidos e nos convida a fazer o mesmo. Na Semana Euclidiana temos contato com pessoas de diferentes lugares do país, de diferentes realidades de nossa nação, e aprendemos que as diferenças culturais é que são a verdadeira cultura brasileira. Só juntos poderemos construir um país melhor, através do esclarecimento e do estudo que eventos deste tipo nos proporcionam. Eu deixaria como recomendação e apelo principal aos próximos maratonistas um pedido: que eles desfrutem da Semana, do Ciclo de Estudos, e que apreendam o máximo de conhecimento que puderem, na semana e fora dela. Que eles não leiam Euclides, bem como qualquer outro autor, superficialmente, mas sim que explorem cada detalhe que puderem de sua obra, e que saibam contextualizá-la no mundo de hoje. Que no dia 15 de agosto eles não guardem aquilo que aprenderam no fundo de suas memórias, mas, sim, que passem seu conhecimento e suas opiniões para os outros, e os incitem a fazer o mesmo.
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