Maratonista cantagalense brilha no ciclo de Estudos Euclidianos Igor Ferreira foi o cantagalense melhor colocado na Maratona Euclidiana de 2011, tendo ficado em 2.o lugar na Área de Ensino Médio. Foi sua primeira participação na Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo, mas que já deu excelentes frutos. Igor tem uma história bastante peculiar e “sertaneja”, na acepção que Euclides dava a esta palavra: viveu a vida inteira em um dos distritos mais distantes da sede de Cantagalo, chamado São Sebastião do Paraíba. Estudou até o oitavo ano na própria localidade, na Escola Estadual Coronel Manoel Marcelino de Paula, e somente foi “estudar na cidade” há quatro anos, tendo completado o ensino médio no Colégio Euclides da Cunha.
Leitor feroz desde pequeno, viajou por páginas tão diversas quanto as de Machado de Assis, de Jô Soares ou de J.K. Rowling (autora de Harry Potter, para ele, uma paixão confessa). Até chegar a Euclides da Cunha, foi um percurso leitor matizado de várias influências, que o fizeram desenvolver, também, o gosto pela escrita. Igor nos conta que seus prêmios “...tanto de poesia quanto de prosa me incentivam a prosseguir escrevendo, bem como meus amigos e fiéis leitores”.
Em dezembro de 2011, ele foi agraciado com o 1.o lugar no Concurso de Narrativas Euclidianas, realizado pelo Ponto de Cultura “Os Serões do Seu Euclides”, com um belíssimo texto que falava sobre lendas, lobisomens e outras histórias do seu “Paraíba”. Jovem talentoso e comunicativo, Igor se inspira nos clássicos da bossa nova para expressar suas emoções e pensamentos através de poemas, contos e crônicas. É torcedor do Flamengo e sonha em, um dia, ser escritor.
Na entrevista a seguir, ele nos conta sobre sua participação na Maratona Euclidiana, a influência de seus professores em suas leituras e qual o significado de estar imerso no universo euclidiano.
1. Como você se tornou leitor de Euclides?
Desde os treze anos, eu estudo no Colégio Euclides da Cunha, em Cantagalo, onde há grandes incentivadores da obra euclidiana. Acredito que, desde esta época, tenho lido Euclides, mesmo que fosse a princípio obrigado, e, bem logo após a Semana, com grande prazer. Seus textos me encantam profundamente e, dentre todos, o que mais me marcou e incentivou foi “Fazedores de Desertos”, onde ele exibe um domínio impressionante de campos diversos das ciências. Devo a leitura de Euclides a grandes professores como Fabiana Correa e Karine Bon, que desenvolveram trabalhos constantes com a obra euclidiana, abordando seus textos, contextualizando-os, pondo-os caminhar junto com a disciplina de sala de aula.
2. E o que significou para você participar de um evento como a Semana Euclidiana, que já vai para a sua 100.a edição?
Participar do 99.o aniversário do movimento euclidiano em S. José do Rio Pardo mudou por completo minha visão de quem era Euclides da Cunha, e hoje eu o admiro com um dos homens mais brilhantes que o país já conheceu. A Semana Euclidiana é um aprendizado para a vida toda, um momento de fazer novos amigos, conhecer outras histórias e, principalmente, saber quem foi realmente Euclides. Sobre este último tópico, posso falar bem, pois a imagem que eu tinha anos atrás, bem antes do trabalho realizado na minha escola, era de um “corno” que não sabia atirar, metido a machão e que escreveu um livro chato que ninguém sabia ler. Euclides é retratado de forma totalmente diferente na Semana Euclidiana, me fazendo assumi-lo realmente como realmente é: um dos maiores (se não o maior) escritores brasileiros de todos os tempos. Resumindo tudo: a Semana Euclidiana é algo simplesmente inesquecível.
3. A que você atribui o sucesso de sua participação na Maratona Euclidiana? De que forma você desenvolveu o tema escolhido na redação que compôs a prova final?
Acredito que o incentivo que recebi durante os cinco anos em que fui aluno do Colégio Euclides da Cunha me deu um bom embasamento para a conquista dos objetivos na Maratona. Aliado a isso, estava todo o conhecimento adquirido durante as aulas da Semana e meu preparo para a escrita da redação que, creio, tenha sido o maior desafio de todos os maratonistas. O tema foi desenvolvido com base nos conhecimentos passados durante as aulas e o conteúdo da revista, que eu lia em raros momentos de tempo livre, associado a uma construção textual buscando objetividade e clareza.
4. Concluindo, como você avalia a importância deste tipo de evento para a cultura brasileira e os estudos euclidianos? Que dicas você daria para os próximos maratonistas?
No meu ponto de vista, o desenvolvimento e a perpetuação de movimentos como a Semana Euclidiana são essenciais para manter em alta a cultura do nosso país, já que, em tempos de globalização, tudo que vem do exterior é muito mais bem-vindo na sociedade. Precisamos aprender a valorizar não só o outro, mas as flores que temos em nosso próprio jardim, e isso se aplica à literatura, à musica e a tantos outros elementos culturais. Euclides foi um homem dedicado à nação, e sua história e devoção merecem destaque entre os brasileiros. Ao desenvolver eventos como esse, faz-se com que nunca deixe de existir quem ainda valorize esse tipo de pensamento, em especial os jovens, no nosso caso, os maratonistas.Não sei se minha experiência curta, de apenas um ano, me permite dar dicas aos maratonistas que ainda virão, mas, se é mesmo preciso, sugiro bastante dedicação e empenho de verdade durante as aulas e palestras, pois elas são responsáveis por um conhecimento incrível. Há momentos de aproveitar e estudar. Saber separar os dois é de bom tamanho. Adotei este raciocínio durante esse período, e, pelo visto, deu certo.
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