terça-feira, 27 de agosto de 2013

"As últimas horas de Canudos"

      Os bolsistas do projeto 100 anos sem Euclides fizeram uma belíssima apresentação teatral durante a Semana Euclidiana de São José do Rio Pardo-SP. Através da dança oriental Butô – uma forma de expressão corporal criada na década de 50 pelos japoneses – os bolsistas representaram a globalização dessa arte, que se espande além das fronteiras orientais e ganha uma nova cara, adaptando-se ao universo cultural brasileiro. O Butô e sua impressionante técnica de dança foram usados para contar o triste desfecho da revolta de Canudos, relatada na obra Os Sertões, de Euclides da Cunha.
      Depois das apresentações de comunicações orais e produções audiovisuais, o auditório rapidamente perdeu a sobriedade do espaço acadêmico para dar lugar a um cenário fúnebre: a mesa de conferências se transformou em um caixão; cruz, flores brancas e fumaça foram espalhadas, enquanto se exibia uma imagem da cidade de Canudos como parte do cenário. Os atores entraram ao som de um violino, encenando as últimas horas de vida dos moradores do povoado, relembrando as dores e a agonia da morte e a crueldade do mundo pós-guerra. 
      Mesmo sendo uma apresentação que durou por volta de 12 minutos, a trilha sonora foi constante e bem eclética, indo de Nightwish, uma banda finlandesa de metal sinfônico, até uma canção feita por Fábio Paes, um compositor nativo da própria cidade de Canudos, intitulada “Salve, Canudos”.
        A apresentação foi pensada pelos próprios atores e dirigida por Catherine Alves, estudante do curso de Letras-Japonês da UFRJ, e contou com o apoio da Casa de Cultura Euclides da Cunha, de São José do Rio Pardo. A apresentação terminou envolvendo toda a plateia num grande funeral, no estilo das cidadezinhas do interior, que velam os seus mortos sob a forma de romaria, numa melancólica cantoria.
                                             Texto escrito pelo bolsista Vinicius Mesquita





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