quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O Projeto 100 Anos Sem Euclides e a II Jornada de Estudos Fluminenses

          A II Jornada de Estudos Fluminenses, ocorrida entre os dias 26 e 29 de junho de 2012, recebeu uma verdadeira caravana de euclidianistas entusiasmados. Foram inúmeras comunicações, profundos debates e muita experiência para os jovens pesquisadores do Projeto 100 Anos Sem Euclides, que, auxiliados por seus coordenadores, apresentaram os frutos de suas recentes investigações.
            Nossa primeira participação ocorreu com uma seção audiovisual, apresentada por Juliana Gelmini (graduada em Letras pela UFRJ e bolsista do Arquivo de Memória Amélia Tomás), Kátia Nascimento (graduanda em Letras na UFRJ e bolsista do Projeto Identidade e Memória Fluminense) e Rick Azevedo (gestor do Ponto de Cultura “Os Serões do Seu Euclides”). A proposta do trabalho era a de mostrar um pouco da vida e da obra de Amélia Tomás, primeira diretora da Casa de Euclides da Cunha, em Cantagalo. Além disso, foram apresentados arte-poemas baseados nos escritos por Amélia, uma intervenção que põe em destaque a força criativa deste grupo. O objetivo central desta seção foi chamar atenção para o recém-implantado “Arquivo de Memória Amélia Tomás”, espaço de educação patrimonial, cultura, história e memória da cidadania cantagalense.
            Luiz Fernando Sangenis (Prof. Dr. da Faculdade de Educação/FFP) e Marcela Loivos (mestre em educação pela FFP) trouxeram uma comunicação que investiga a triangulação entre Estado, Escola e Comunidade, através do Curso Normal Rural de Cantagalo, implantado em 1952, para formar professoras que atuassem naquela região e que valorizassem o meio rural.
            Ainda contamos com a participação de uma parceira do Projeto 100 Anos Sem Euclides, a diretora do Centro Cultural Maria Sabina, Neide Barros Rêgo, que, em conjunto com Sandrine Huback (graduada em letras pela UFRJ e bolsista do Arquivo de Memória Amélia Tomás), apresentou uma reavaliação do Fluminensismo nas letras, através das duas escritoras: Amélia Tomás e Maria Sabina.
            Rick Azevedo apresentou outra comunicação, intitulada “Cartas Fluminenses: Euclides da Cunha missivista”, com a intenção de expor a opinião de Euclides, através de suas cartas, sobre diversos acontecimentos ocorridos no Rio de Janeiro, tais como: a Revolta da Armada, a efervescência da Rua do Ouvidor e sua posse como membro no IHGB. A pesquisa mostra um Euclides preocupado com o que o próprio autor fluminense chama de “espírito brasileiro”, entre o final do século XIX e o início do século XX.
            Lais Peres (graduanda em Letras pela UFRJ e bolsista de extensão do Projeto 100 Anos Sem Euclides) apresentou a pesquisa que desenvolveu em conjunto com Anélia Pietrani (Prof.ª Dr.ª da Faculdade de Letras / UFRJ). O trabalho utiliza como corpus o acervo poético de Euclides da Cunha, que irremediavelmente é ofuscado por seu grande sucesso em Os Sertões. Através da análise de seus poemas, buscou-se identificar como o sujeito poético euclidiano é avesso aos ideais urbanos da belle époque e ligado a tradições e imagens do interior do Brasil, criando muitas vezes na natureza o local ideal de morada da sua poesia.
            Intitulada “Euclides da Cunha: um quixote fluminense à margem da Rua do Ouvidor”, a pesquisa apresentada pela Prof.ª Dr.ª Anabelle Loivos da Faculdade de Educação da UFRJ e por seu orientando Pedro Henrique Pimentel (bolsista de extensão do Projeto 100 Anos Sem Euclides e graduando em Letras pela UFRJ) deixou gostinho de quero mais, pelo pouco tempo disponível na seção para um tema tão interessante. O objetivo dos dois é trazer uma proposta de literatura comparada em que pesem as aproximações e os afastamentos entre Euclides e todos os intelectuais cariocas e fluminenses que contribuíram para cultura (pré-)modernista, em finais do século XIX e início do século XX. Coteja, ainda, a concepção de direitos humanos que ressalta das obras euclidianas e a de alguns de seus contemporâneos, a fim de encetar uma análise crítica sobre a perenidade de seus relatos.
            A II Jornada de Estudos Fluminenses foi coordenada pela Prof.ª Dr.ª Andréa Telo da Corte, diretora do Centro de Estudos de História Fluminense do Museu de História e Arte do Rio de Janeiro (MHAERJ), mais conhecido como “Museu do Ingá”.
            É importante destacar a importância de eventos como esse, bem como a participação do Projeto 100 Anos Sem Euclides, com o objetivo de integrar ações que nos fazem debruçar sobre os livros e interagir com a comunidade ao nosso redor. Pois é através de projetos de extensão e de eventos acadêmicos deste porte que as Universidades buscam trazer reflexão e ação interventora para a população, sempre priorizando auxiliar, de alguma forma, na educação e na formação de jovens brasileiros.


Nenhum comentário:

Postar um comentário