segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Jovens do Projeto 100 Anos Sem Euclides na Maratona Euclidiana

Jovens brilhantes do Projeto 100 Anos Sem Euclides conquistam a Maratona Euclidiana 2011

Lais Peres Rodrigues e Rick Azevedo da Cunha foram os dois grandes destaques do Projeto 100 Anos Sem Euclides nos resultados da Maratona Euclidiana de São José do Rio Pardo, em 2011. Ela, bolsista de extensão da UFRJ, e ele, gestor cultural do Ponto de Cultura “Os Serões do Seu Euclides, ficaram, respectivamente, com o 1.o lugar geral e com uma Menção Honrosa no evento, na Área de Universitários.

Lais Peres venceu a tradicional Maratona Intelectual Euclidiana de 2011, realizada em S. José do Rio Pardo-SP. A prova dissertativa foi realizada em 15 de agosto do ano passado, data de morte de Euclides da Cunha, dentro da Semana Euclidiana, que acontece há noventa e nove anos consecutivos. O evento conta com a participação efetiva de estudiosos que se unem para discutir a vida e a obra do escritor através de palestras, ciclo de estudos, conferências, maratonas estudantis, desfile, exposições, episódio republicano e romaria cívica ao recanto euclidiano, entre outras atividades.

Lais participou pela primeira vez dos eventos euclidianos em São José do rio Pardo, e já conseguiu amealhar o maior prêmio da Maratona Estudantil. Além de bolsista do Projeto 100 Anos Sem Euclides e responsável pelo blog do projeto, Lais envolveu-se profundamente com a comunidade escolar do Alto do Floresta, bairro dos mais afetados pelas chuvas em Nova Friburgo, implantando lá um núcleo de contação de histórias e oficinas de redação, junto com outros três bolsistas do projeto. Lais foi também coordenadora do Centro Acadêmico da Faculdade de Letras da UFRJ, além de ter sido contemplada com nota máxima na Jornada de Iniciação Científica (JIC 2011) daquela universidade, apresentando um trabalho exatamente sobre Euclides da Cunha, intitulado: "Euclides da Cunha: uma expedição pelas palavras de um Brasil ignoto".


Rick Azevedo, atual Gestor Cultural do Ponto de Cultura “Os Serões do Seu Euclides”, de Cantagalo, ligado aoProjeto 100 Anos Sem Euclides, cursou Letras e cursa Pedagogia pela UNIRIO. Envolveu-se com mais afinco no movimento euclidiano quando assumiu a gestão cultural do Ponto, participando da Semana Euclidiana de 2008 e em 2011 – especificamente, nesta ocasião, apresentando um belo trabalho sobre as atividades do Ponto de Cultura cantagalense.

A seguir, uma breve entrevista nos apresenta à Lais e a Rick, seus projetos acadêmicos e seu envolvimento com o euclidianismo.

(PROJETO 100 ANOS SEM EUCLIDES) Como você se tornou leitor(a) de Euclides?

(LAIS PERES) Quando eu tinha 13 anos, li A casca da serpente. Este livro, de José J. Veiga, inspira-se em Os sertões para contar a história do povo de Canudos, com linguagem clara e atual, e foi uma grande porta de entrada para os meus estudos sertanejos. Anos depois, tive acesso à edição comemorativa da Revista de História da Biblioteca Nacional, que contava aos leitores interessantes fatos da vida e da obra de Euclides. Encantei-me pelo grande escritor e homem, que seguia em linha reta, acreditando em suas convicções. Daí, foi um pulo para ter em minhas mãos Os sertões e o caderno de poesias Ondas. Em 2011, tive a oportunidade de integrar o projeto "100 Anos Sem Euclides", e a partir daí desenvolvi uma intensa leitura debruçada na fortuna literária, crítica e biográfica do escritor que hoje é, sem dúvida, o meu de cabeceira.

(RICK AZEVEDO) Comecei a ler Euclides no Ensino Médio, tentando começar por "Os Sertões", mas não fui bem sucedido. Na universidade é que li o grande clássico com mais interesse.

(PROJETO 100 ANOS SEM EUCLIDES) E o que significou para você participar de um evento como a Semana Euclidiana, que já vai para a sua centésima edição?

(LAIS PERES) Participei da 99.a edição da Semana Euclidiana refletindo acerca da memória desse evento. O encontro, com certeza, é um ponto crucial para quem deseja seguir nos estudos euclidianos. Não se pode estudar Euclides sem conhecer os estudos críticos e biográficos nascidos graças aos encontros anuais. O legado cultural e acadêmico que a Semana Euclidiana carrega significou para mim uma semana de intenso aprendizado e troca.

(RICK AZEVEDO) A Semana Euclidiana é um evento que reúne pessoas incríveis que temos a honra de conhecer e com quem acabamos nos envolvendo afetiva e academicamente. O movimento euclidiano faz com que surjam laços de amizades que se perpetuam por toda a vida. É ótimo ver o interesse, que não morre nunca, pela vida e pela obra de Euclides da Cunha.

(PROJETO 100 ANOS SEM EUCLIDES) A que você atribui o sucesso de sua participação na Maratona Euclidiana? De que forma você desenvolveu o tema escolhido na redação que compôs a prova final?

(LAIS PERES) Desenvolvi o tema da redação baseada na multiplicidade do discurso de Euclides, e, para que um leitor consiga perfazer os caminhos múltiplos euclidianos, é necessária muita leitura. Ou seja, atribuo minha boa colocação na Maratona Euclidiana a um intenso trabalho de leitura, que tentou percorrer as multiplicidades que Euclides nos legou em seu discurso.

(RICK AZEVEDO) A vasta abrangência de disciplinas e assuntos na obra euclidiana foi o tema central de minha redação. Creio que, por haver escrito com muita paixão sobre o assunto, eu tenha conseguido um bom resultado na Maratona Euclidiana.

(PROJETO 100 ANOS SEM EUCLIDES) De que forma você avalia a importância deste tipo de evento para a cultura brasileira e os estudos euclidianos? Que dicas daria para os próximos maratonistas?

(LAIS PERES) Acredito que, através da memória e da constante renovação de dados culturais, vamos conseguir abrir uma boa estrada para a cultura brasileira. Eventos e festas tradicionais, que se inventam e reinventam com o passar dos anos, garantem nossa marca enquanto cidadãos brasileiros. Euclides, anos atrás, já destacava a importância de se conhecer a nossa nação para lutarmos pela soberania nacional.Particularmente, os estudos euclidianos necessitam de mais do que um exército de estudiosos sobre o tema, pois ainda conseguimos notar diversas lacunas em sua história biográfica; além disso, o estudo sobre uma grande obra prima, como Os sertões, nunca se esgota. Que venham por aí mais cem anos de Semana Euclidiana!Os maratonistas devem investir na aquisição de conhecimento constante, ou seja, é necessário que, durante todo o ano, haja uma preparação através de leituras ininterruptas. Não basta apenas estudar Euclides na véspera, ou durante a maratona: é necessário ter uma programação de leitura que contemple o extenso universo euclidiano.

(RICK AZEVEDO) A juventude que se reúne em torno dos estudos euclidianos é o mais importante disso tudo e é o que faz com que a chama de Euclides nunca morra. O interesse se renova e os estudos se intensificam, através de uma experiência ímpar com a obra euclidiana. O evento, aliás, é um ponto fundamental para a perpetuação dos estudos sobre um autor fundamental para entender o Brasil, cuja obra não cessa de ser pesquisada. Os próximos maratonistas que forem a São José do Rio Pardo têm que estar com o coração e a mente abertos. Trata-se de uma experiência única de estudo e de afetividade, numa semana que parece que nunca vai acabar.É importante ressaltar que vamos para o segundo ano de trabalho aqui no Ponto de Cultura “Os Serões do Seu Euclides”, em Cantagalo, cheios de planos e muito gás: cineclube, roda de leitura, oficina de artes, arquivo de memória... Daí, a importância de envolver os jovens, as crianças, os educadores e a comunidade em geral no nosso projeto. Que venham mais amigos euclidianos!

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