sexta-feira, 22 de julho de 2011

As pegadas literárias no Calçadão da Cultura ou "Cem saudosos literatos"


As pegadas literárias no Calçadão da Cultura ou "Cem saudosos literatos"
por Roberto Kahlmeyer-Mertens

Uma exposição de livros... e seria apenas isso se considerássemos que os livros, bem como a arte que neles cabe, não possui valor absoluto, sendo – sempre – relativo. Deste modo, a prosa de um Machado de Assis só tem valor para os espíritos sensíveis que sabem com ela aprender, comover-se e deleitar-se, aos bárbaros, Machado é apenas palavrório; da mesma maneira, a primeira edição de O Guarani, de José de Alencar, seria apenas um livro velho para olhos não expertos. Esse comentário inicial serve apenas para ressaltar que a arte e os livros dependem de olhos sensíveis e especializados de pessoas que guardam sua memória e a mensagem de seus autores. Neste último caso, julgo que a tão almejada “imortalidade” buscada pelos escritores de fardão (e não só por eles), em parte, depende de iniciativas que façam rememorar (ou, neste caso, a palavra recordar seria mais exata) sua contribuição literária.
Uma oportunidade singular para celebrarmos, uma vez mais, a imortalidade de autores dignos de memória é o que se dará no próximo dia 23 de julho (sábado). Trata-se da mostra “Cem saudosos literatos”, promovida pelo Grupo Mônaco de Cultura e pela Livraria Ideal (a mais antiga e tradicional livraria de Niterói, com mais de 75 anos de existência e mais de 800 eventos em seu histórico). A mostra tem o propósito de expor obras de cem escritores, acadêmicos e intelectuais de expressão em Niterói e que pontificaram no chamado Calçadão da Cultura, no entorno da referida Livraria. A mostra optou por homenagear os escritores já falecidos e sua contribuição para a cultura de Niterói e, por extensão, à cultura do estado do Rio de Janeiro. Entre os cem autores enfocados estão: J. G. de Araújo Jorge, Agripino Grieco, Geir Campos, José Cândido de Carvalho, Marcos Almir Madeira, Xavier Placer, Horácio Pacheco, Geraldo M. Bezerra de Menezes, Hugo Tavares, Miguel Coelho...
Entre os títulos da exposição, existem livros curiosos como um exemplar de 37 poetas fluminenses, livro organizado por Lyad de Almeida (obra que se tornou pivô de uma polêmica histórica entre grupos com concepções estéticas diversas); uma raríssima edição que registra o primeiro dos mais de quarenta e seis Jogos Florais realizados em Niterói, sob coordenação de Milton Nunes Loureiro, e um exemplar da joia (aliás, já na hora de uma segunda edição) Presença da cultura fluminense, assinada por mestre Horácio Pacheco.

Além desses, o expectador poderá conhecer (e, o melhor, manusear) muitas obras com autógrafos e dedicatórias, por exemplo: uma primeira edição de O Coronel e o lobisomem dedicada por seu autor, acadêmico da ABL José Cândido de Carvalho, à teatróloga Maria Jacinta, outro do escritor Jorge Picanço Siqueira à Maria da Conceição Pires de Melo (Manita) e até mesmo uma biografia com o autógrafo do craque futebolista Zizinho!

Na mostra, estarão representados, também, muitos dos autores que foram agraciados com o Prêmio Intelectual do Ano (um dos títulos mais importantes da cultura niteroiense, oferecido pelo Grupo Mônaco de Cultura com o apoio de relevantes instituições culturais da cidade, como a Academia Fluminense de Letras – AFL, Academia Niteroiense de Letras – ANL, Cenáculo Fluminense de História e Letras, Associação Niteroiense de Escritores – ANE, Centro Cultural Maria Sabina, e o Jornal O Fluminense). Entre os intelectuais agraciados pelo Prêmio, constam na exposição obras de: Alaôr Eduarco Scisínio, Almanir Grego, Carlos Tortelly Costa, Nilo Neves, Angelo Longo, Miguel Coelho, Raul Rodrigues de Oliveira, além dos já referidos Geraldo Bezerra de Menezes e Manita.



A exposição ocorrerá no Calçadão da Cultura,
defronte à Livraria Ideal.
Rua Visconde de Itaboraí, 222, Centro, Niterói.
23 de julho de 2011 (sábado), à partir das 10h.
A entrada é franca e a presença é grata!

Fonte:
http://literaturavivencia.blogspot.com/

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