quinta-feira, 30 de junho de 2011

Oficinas de arte e cineminha gratuito no Ponto de Cultura "Os Serões do Seu Euclides"


O Ponto de Cultura “Os Serões do Seu Euclides” já começou suas atividades culturais, realizando Oficinas de Arte com os colégios de todas as redes de ensino e o Cineclube da Cunha com uma sessão de filme infanto-juvenil.

As oficinas de arte acontecem todas as terças na parte da tarde, com um colégio diferente a cada semana. O Colégio Euclides da Cunha e a Escola Municipal Maria Bellieni D’olival já participaram da atividade. Os alunos são instruídos pelos professores Gilson e Fátima e realizam atividades como trabalho de recorte com a figura de Euclides da Cunha e trabalhos com cola e areias coloridas.

O Cineclube da Cunha, em sua primeira sessão infanto-juvenil, reuniu mais de 40 crianças para exibição de desenhos e curtas. A atividade acontecerá todo sábado às 15h, na Casa de Euclides da Cunha, e é aberta a toda a comunidade. E o melhor: a entrada é franca!

“Os Serões do Seu Euclides” quer movimentar culturalmente toda a cidade, em parceria com o ILTC (Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência), a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, a Casa de Euclides da Cunha e a Secretaria Municipal de Educação.

Ricky Azevedo - Gestor Cultural do Ponto de Cultura

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Euclides da Cunha e Frederic Amory

Trágica ingenuidade

Uma das características de certa intelligentsia brasileira é nunca apontar erros alheios. E, raramente, discordar em público. Na área das ciências humanas, quando um estudioso descobre erros factuais na obra de outrem, quase sempre utiliza o recurso retórico de, apenas tangenciando a falha do colega, sem citar seu nome, revelar a informação correta. Para os otimistas, essas referências imprecisas são exemplos da nossa ética e devem ser inseridas no rol das cordialidades tupiniquins. Mas prefiro entendê-las como uma espécie de tabu, justificado por certo acanhamento macunaímico que empobrece a vida cultural do país e impede o exercício da polêmica.

Os leitores, contudo, não encontrarão esse tipo de pusilanimidade em Euclides da Cunha: uma Odisseia nos Trópicos, do norte-americano Frederic Amory, que foi professor de literatura medieval na Universidade de São Francisco (EUA) por mais de vinte anos e se dedicou, a partir de 1960, a estudar a vida e a obra do autor de Os Sertões. Amory, infelizmente falecido em 2009, pôde desenvolver suas pesquisas, e publicá-las, livre das injunções típicas de algumas de nossas igrejinhas. Assim, ele não teme rebater pontos de vista dos biógrafos de Euclides – Eloy Pontes, Sylvio Rabello e Olímpio de Sousa Andrade –, discorda, de maneira pontual, de Walnice Nogueira Galvão, Nicolau Sevcenko, Leandro Tocantins e Roberto Ventura, e critica este ou aquele tópico em Adelino Brandão, Joaquim Pinto Nazário e Clóvis Moura. Trata-se de um livro caracterizado pelo destemor e pela altivez de quem consagrou sua vida a determinado objeto de estudo – obra que nasce clássica, e que não por outro motivo recebeu o Prêmio Euclides da Cunha da Academia Brasileira de Letras, depois de concorrer com outros 29 livros.

Detalhista, o biógrafo aponta problemas, inclusive, na Obra completa de Euclides da Cunha, cujos editores corrigiram “de maneira constrangedora” a tradução “ligeiramente errada” que o escritor fez de uma frase do naturalista Alfred Russell Wallace. (Observe-se, no entanto, que o pesquisador não teve tempo de consultar a última edição, de 2009.) Em seu exaustivo trabalho, Amory estudou a melhor bibliografia do período republicano brasileiro – tendo o mérito, dentre outros, de recuperar um dos seus mais valiosos pesquisadores, José Maria Bello, lido atualmente apenas nos raros círculos que não se encontram sob influência marxista – e se debruçou sobre as principais fontes de Euclides, chegando a extremos de minudência, como o de localizar na obra de Domingo Sarmiento as citações que nosso escritor transcreve sem mencionar o livro utilizado. Em seu afã, não desprezou nem mesmo a produção literária e ensaística dos cadetes contemporâneos de Euclides na Escola Militar.

Racismo e determinismo

Outra das qualidades de Amory é não escamotear nenhum dos aspectos censuráveis da obra euclidiana. O racismo, inserido no quadro da evolução intelectual de Euclides, que vai do positivismo ao darwinismo spenceriano, ganha inúmeras páginas de análise e uma conclusão que poucos tiveram coragem de escrever: se o escritor não foi um “rematado racista”, suas ideias “sobre a sociedade e o avanço ou regressão social” são “tingidas ora com matizes mais leves, ora com matizes mais escuros de racismo”. É o caso, por exemplo, do insistente e obscuro bordão da “integridade étnica” que faltaria aos brasileiros, capaz de nos aparelhar “de resistência diante dos caracteres de outros povos” – uma tese tão simplista quanto ultrapassada.

Há também o exagerado determinismo, que permitiu a Euclides criar um método recorrente – inspirado em Henry Thomas Buckle – para expressar suas analogias: o que Amory chama de “interações fantasiosas entre o homem e a natureza”. Vistas sob certa perspectiva unilateral, podem parecer licenças poéticas, mas quando contextualizadas no plano maior do pensamento euclidiano, tornam-se hipóteses pseudocientíficas. No ensaio “Contrastes e confrontos”, por exemplo, a ideia é de que, no Peru, “a história parece um escandaloso plágio da natureza física”. Euclides faz, então, o Império Inca ser resultado da presença dos Andes, enquanto o comportamento dos modernos líderes políticos daquele país seria fruto dos terremotos... No que se refere aos caboclos da Amazônia, o escritor avalia que a própria floresta se encarrega de selecionar para a vida os mais dignos: “Eliminou e elimina os incapazes, pela fuga e pela morte. E é por certo um clima admirável que prepara as paragens novas para os fortes, para os perseverantes e para os bons”. Sem dúvida, conclusões que, analisadas sob critérios científicos contemporâneos, não passam de bobagens. Tais raciocínios, inclusive, estimulam uma visão exageradamente otimista, quase pueril, segundo a qual o progresso produzirá um inevitável desenvolvimento das qualidades morais, de modo a tornar “a sociedade uma extensão da unidade familiar”.

Frederic Amory não perdoa nem mesmo as generalizações de seu biografado, algumas bem toscas, como a afirmação de que “a literatura russa divulgou um largo e generoso sentimento de piedade, diante do qual se eclipsam, ou se anulam, o platônico humanitarismo francês e a artística e seca filantropia britânica”.

Escrúpulos e imaturidade

Quando se trata de política, o biógrafo demonstra a completa ingenuidade de Euclides. Sonhador, ele realmente acreditava que a República não nascera de uma quartelada, mas, sim, de um processo revolucionário. E tal idealismo turvaria seus pensamentos, fazendo com que, em minha opinião, os problemas encontrados por Amory nos primeiros artigos, escritos para A Província de São Paulo – “o brilhantismo intelectual de suas apresentações podia ser tão artificial quanto sua ignorância de que a política de bastidores realmente existia, e as pessoas e os fatos frequentemente desapareciam diante das abstrações de sua argumentação” –, se repetissem, em maior ou menor grau, até a derradeira página.

A incapacidade de Euclides para compreender os mecanismos da luta política e seus inseparáveis lances de perfídia levou-o a acreditar em Floriano Peixoto, ainda que, mais tarde, percebesse algumas sutilezas do ditador. Esse erro, somado ao seu incurável romantismo, faz com que apoie a ditadura florianista e, depois, não dedique atenção a Prudente de Morais, talvez o principal político da República Velha, cujas qualidades José Maria Bello enumerou em História da República: “O melhor tipo de político criado pelo Império de Pedro II: inteligência equilibrada, probidade perfeita, gravidade um tanto formalística, altivez, espírito cívico, invencível aversão a qualquer forma de militarismo”.

Essa imaturidade desbordaria para a vida profissional e familiar. O episódio envolvendo a Escola Politécnica de São Paulo e seu diretor, Paula Souza, é tristemente paradigmático. Depois de escrever severas críticas à escola e à orientação de Paula Souza, Euclides luta para conseguir uma cadeira na Politécnica. E se surpreende por não consegui-la, julgando, talvez, que devessem desconsiderar os ataques públicos que fizera e aceitá-lo por seus méritos... Sem dúvida, ele era de uma inabilidade social lamentável.

Às vezes, essa incompetência para a vida prática provocava cenas dignas: Euclides chega a se altercar com o barão de Rio Branco por causa do valor de seu salário, pois continuava a receber como chefe da Comissão Mista que explorara o rio Purus, apesar de a expedição ter acabado – devendo, portanto, segundo ele, receber de acordo com a “tabela comum”. Após muita discussão, acaba convencido pelo barão de que o salário estava certo, já que ainda não terminara de redigir o relatório final.

Em outros momentos, no entanto, sua imaturidade e seus exagerados escrúpulos morais o transformam num tolo. É desolador acompanhar o relato de como ele foi jubilosamente traído pela esposa, Ana. Depois de longos meses na Amazônia, quando volta ao Rio de Janeiro encontra Ana grávida de três meses – e esta lhe diz que fora infiel apenas “em espírito”... E até mesmo quando o filho do adultério nasce, louro, semelhante a “um pé de milho num cafezal”, segundo o que Euclides teria dito a Coelho Neto, o escritor parece perdido em dúvidas, sentindo-se culpado pela longa ausência a serviço do país.

Obra monumental

Não deixa de ser espantoso que tal personalidade tenha escrito Os Sertões. E é ainda mais surpreendente que o tenha feito não no silêncio do escritório, mas em uma cabana de folhas de zinco, em pleno canteiro de obras, enquanto dirigia a reconstrução da ponte sobre o rio Pardo, em São Paulo.

Amory faz a reconstituição minuciosa do período que Euclides passou em Canudos – acompanhando a última expedição do governo, que derrotaria as forças de Antônio Conselheiro –, recupera detalhes da guerra, interpreta trechos vagos das anotações do escritor, confere o acerto de cada uma das datas e nos apresenta o processo de criação de Os Sertões, a começar dos primeiros esboços, de 1898.

A obra monumental de Euclides da Cunha tem provocado reações contraditórias desde o seu lançamento, em 1902. E, numa tentativa de isolar o valor estilístico dos erros geográficos e das análises deterministas e racistas, convencionou-se dizer que a força da narrativa de Os Sertões supera o conteúdo analítico datado. Amory tenta seguir essa linha de pensamento, e o faz bem, inserindo o estilo euclidiano na categoria de Kunstprosa, que se refere a uma prosa altamente artística e formal, construída com o apoio do aparato retórico clássico. Não por outro motivo, aliás, o biógrafo também se serve, em sua análise, do livro de Heinrich Lausberg, Elementos de retórica literária.

Confesso que já admirei mais o estilo euclidiano. Hoje, pinço os trechos que ainda me encantam e, no geral, tendo a pensar como Gilberto Freyre, para quem Euclides está “perigosamente próximo do precioso, do pedante, do bombástico, do oratório, do retórico, do gongórico, sem afundar-se em nenhum desses perigos: deixando-o apenas tocar por eles; roçando por vezes pelos seus excessos; salvando-se como um bailarino perito em saltos-mortais, de extremos de má eloquência que o teriam levado à desgraça literária ou ao fracasso artístico”.

Dentre os trechos selecionados por Amory há um dos que mais aprecio, “Higrômetros singulares”, o qual considero – como afirmei neste blog, em post de 26 de abril de 2009 – inspirado no poema “Le dormeur du val” (“O adormecido do vale”), de Arthur Rimbaud. Os comentários do biógrafo, aliás, só reforçaram minhas suspeitas: se Euclides leu Maurice Rollinat, por que não conheceria Rimbaud?

Tendência ao trágico

Mas, voltando ao objeto desta resenha, Amory nos deixou um trabalho de rara honestidade intelectual, que supera, sem qualquer dúvida, as biografias anteriores, pois nenhuma delas apresenta, de maneira tão viva, esse “homem multifário”. Todas as neuroses dessa personalidade doentia, irritativa, são apresentadas, bem como as dificuldades em família, as tortuosas relações com o pai, os gestos de heroísmo na expedição ao rio Purus, a revolta diante dos crimes de Canudos, a sexualidade sublimada na juventude – e a incontrolável tendência ao trágico, seu anelo da morte trágica, visível, por exemplo, na atitude que teve durante uma tempestade em alto-mar, quando exige que a embarcação não se desvie do rumo, e mais tarde, salvo em terra graças ao capitão que o desobedecera, no comentário que faz a Vicente de Carvalho, seu companheiro de viagem: “Se eu morresse seria uma bela morte – uma morte no cumprimento do dever. A sua é que seria estúpida – morrer num passeio”. Tragédia que ele finalmente encontraria, assassinado pelas costas e ouvindo, em seu último momento, não as palavras de carinho maternal que, órfão desde pequeno, certamente buscou por toda a vida, mas a invectiva do amante de sua mulher: “– Toma, cachorro!”.

Caravanas Euclidianas vira longa metragem. Documentário fino biscoito para as massas.

CARAVANAS EUCLIDIANAS VIRA LONGA METRAGEM: DOCUMENTÁRIO
FINO BISCOITO PARA AS MASSAS.

de Regina Abreu
Antropóloga, professora da UNIRIO.
Autora de O Enigma de Os Sertões - ed. Rocco.
Coordenadora das Caravanas Euclidianas Sexta feira, 9 de abril de 2010.

Chovia muito no Rio de Janeiro. Subimos a rua Francisco de Moura que dá acesso ao Morro Santa Marta levando uma caixa com 50 exemplares do livro Os Sertões e um dvd do filme sobre a vida e a obra de Euclides da Cunha; A Paz é Dourada de Noilton Nunes. Seguia conosco o sambista Edeor de Paula, autor do já clássico samba enredo Os Sertões.Era o começo da proposta de se levar Euclides da Cunha com seu texto barroco, considerado paradoxalmente “difícil” e “importantissimo para se pensar o Brasil”, aos moradores de favelas e comunidades classificadas como de “baixo IDH” do Rio de Janeiro. “Fino biscoito para as massas”, diria Oswald de Andrade...

Primeira parada: Quadra da Escola de Samba Mocidade Unida do Santa Marta. A Rádio Poste, a rádio comunitária da favela já anunciava o evento através dos alto falantes espalhados pelo morro, há mais de duas semanas.A quadra muito grande já invadida por intenso vozerio, buzinas e músicas vindas de vários cantos da favela... Meninos e meninas faziam algazarra correndo por todos os lados da quadra, um dos poucos espaços amplos no morro. Ambulantes aproveitavam para vender pipoca e guaraná. Era um momento de encontros, de festas. O público alegre, descontraido, queria música, cinema, animação. Iniciamos a programação com rápidos discursos do representante do Ministério da Educação e da Reitora da UNIRIO, que saudaram a comunidade convidando-a a aproveitar bem a iniciativa das Caravanas Euclidianas.Em seguida, acompanhado pela bateria mirim da Escola de Samba, Edeor "puxou" seu famoso samba-enredo, também considerado Hino do Euclidianismo. O público gingou, sambou e cantou. Chegou a vez do filme.

Como seria passar um filme sobre Euclides da Cunha para aquele público formado por antigos moradores, jovens estudantes interessados, crianças inquietas? Logo de início A Paz é Dourada conseguia dominar as atenções e a cada minuto, a cada sequência ia emocionando, encantando, com seu ritmo audiovisual que se misturava aos barulhos da chuva forte, aos gritinhos das crianças que brincavam, que pulavam na frente do telão. Tudo muito livre, muito solto. As frases de Euclides libertadas pelo filme ecoavam poeticamente como fragmentos sonoros de outros mundos, outros brasis; outros tempos. E tudo ia se irmanando e se harmonizando com naturalidade, dando a impressão de que Euclides e Os Sertões já eram velhos conhecidos daquela gente da favela. A palavra “favela” vem do sertão, descrita pelo próprio Euclides como uma árvore: favela, que possui muitos espinhos e foi uma forte aliada dos sertanejos na luta contra as expedições militares republicanas. Salve a Favela! Numa favela foi dado o primeiro passo das Caravanas.

Na semana seguinte, já estávamos na estrada em direção a Queimados na Baixada Fluminense. Lá, o clima foi outro. Um grande auditório nos esperava. Tudo muito formal. Com direito a autoridades municipais, cerimoniais e até hino nacional. Uma multidão de meninos, meninas, mulheres, homens feitos, anciãos e anciãs, nos esperava. A cidade parava para nos receber em grande estilo. Mais uma vez, Edeor de Paula emocionou o público com sua voz firme e afinada. Cantou sozinho. No gógó. Foi ovacionado de pé. O mesmo aconteceu com o filme, projetado já tarde da noite.No dia seguinte inauguramos a Oficina de Literatura e Cinema com um grupo de 40 estudantes. Utilizando o espaço bem equipado de uma escola, fizemos a proposta que marcou daí para frente toda a trajetória das Caravanas. Euclides da Cunha descreveu a terra, o homem e a luta de Canudos, no sertão da Bahia no final do século XIX. Que tal sairmos em campo com câmeras de video documentando ecologicamente a terra, o homem e a luta em Queimados no século XXI? Proposta imediatamente aceita, saímos em três grupos pela cidade registrando a partir de um roteiro coletivo as mais claras e transparentes expressões da “alma queimadense". O resultado foi surpreendente. Ao editar o material entendemos que estávamos diante do embrião de um rico trabalho de documentação sobre a terra, o homem e a luta no Rio de Janeiro do século XXI. Durante todo o ano de 2010 viajamos por dezenas de cidades gravando vozes, rostos, paisagens, problemas, questões, movimentos sociais pouco conhecidos e extremamente instigantes. Registramos depoimentos que guardam pérolas como a da história de luta da radio Novos Rumos de Queimados, uma das primeiras radios comunitárias da América Latina; que nasceu como porta-voz da militância dos moradores em busca de soluções para melhoria da qualidade de vida na região. Ou ainda o registro dos versos do cordelista Gonzaga, ex-seringueiro, um dos mais antigos moradores da cidade, que se viu retratado no filme. Viu sua origem sertaneja, sua trajetória de idas e vindas pelas veredas do país em busca de trabalho.“_Amigos Caravaneiros que por aqui passam,desejo me expressarna minha forma caboclaque a longa vida me ensinou.Continuem a lutar sem esmorecer,na certeza de que as Caravanas vão vencer.” No Museu da Maré descobrimos um tesouro de conhecimentos guardados através de fotos e cenários montados para contar a história do complexo da favela da Maré, desde a chegada de seus primeiros moradores, "marcados pela própria natureza".

Dessa vez, o vento foi o principal inimigo. Como encontrar um local para expor os 14 estandartes da Exposição das Caravanas Euclidianas sem que eles voassem? A solução foi improvisar fincando-os nos arames farpados encontrados nos muros do Museu. Era dia de aniversário deste que é o primeiro Museu nas Favelas brasileiras. Os moradores, em clima de festa, visitaram a exposição e foram tecendo seus comentários. Marilene, da comunidade da Nova Holanda, comentou que para ela a luta dos sertanejos em Canudos assemelha-se ainda hoje com a luta das diferentes comunidades que integram o Complexo da Maré, lutando sempre por inclusão social, cidadania, pão e educação.

Cada lugar é uma emoção diferente. Mas, em todos, o momento mais emocionante é quando entregamos o livro Os Sertões para professores e estudantes. Na semana seguinte, foi a vez de subir a serra. Em Teresópolis, a paisagem era outra. Florestas, cachoeiras, muito frio. Ponto de encontro: Escola Estadual Euclides da Cunha criada em 1912. Encantado com as Caravanas, o professor Delmo Ferreira, coordenador de eventos do Colégio, profetizou:"_Depois da passagem das Caravanas Euclidianas pelo nosso colégio, posso afirmar que o professor de quadro negro e giz, morreu. Estamos participando de um projeto que traz, com muito entusiasmo, um clássico da literatura brasileira, sustentado por ferramentas como o audio-visual e a música, o que nos aproxima ainda mais de tão importante conhecimento. É deste dinamismo que a escola; a educação nacional está precisando!” “_A alegria é a prova dos nove”, citando novamente Oswald de Andrade, foi com este espírito de alegria que as Caravanas continuaram por São João de Meriti, Caxias, Campos dos Goytacazes, São Fidélis, Carapebus, Vassouras, Miguel Pereira, Paraty, distribuindo livros, dvds, sorrisos, esperanças, incentivos e talvez principalmente a força da imaginação trazida pelos ventos dos bons pensamentos, como os Euclidianos que encerram essas nossas lembranças.


"_ Acredito no futuro estabelecimento de uma perfeita solidariedade universal envolvendo por inteiro a humanidade. Precisamos de uma forte arregimentação de vontades e de uma sólida convergência de esforços para essa grande transformação indispensável. Porque seu triunfo é inevitável. Garantem-no as leis positivas da sociedade que criarão o reinado tranqüilo das ciências e das artes. Fontes de um capital maior, indestrutível e crescente, formado pelas melhores conquistas do espírito e do coração".
O percurso inicial das Caravanas pelas cidades do estado do Rio de Janeiro foi transformado em um documentário de longa metragem dirigido por Noilton Nunes e já está à disposição dos interessados. Esperamos agora seguir em frente por todo Brasil e atravessar fronteiras chegando a cidades de outros países da América Latina.
Regina Abreu

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Escola Municipal de Friburgo recebe bolsistas PIBEX da UFRJ

O município de Nova Friburgo está contando com alguns projetos constitutivos do Programa de Extensão da Região Serrana – UFRJ, que tem como objetivo principal diagnosticar os problemas ocasionados pelo desastre ocorrido na região e promover ações para intervir de forma positiva na vida dessa comunidade. O Projeto Interinstitucional de Extensão “100 anos sem Euclides” foi um dos projetos que obtiveram aprovação para atuarem nessa região.

Sendo assim, no dia 20 de maio de 2011, os bolsistas selecionados para o Projeto “100 anos sem Euclides”, que agora também atingirá o público de Nova Friburgo, fizeram uma visita à cidade, acompanhados pela coordenadora do projeto, Prof.a Anabelle Loivos, e por alguns bolsistas que atuam no município de Cantagalo.

Primeiramente, foi visitado o Colégio Anchieta, uma das instituições de ensino mais tradicionais da cidade e parceiro cultural do Projeto 100 Anos Sem Euclides. Com a atenciosa recepção da Prof.ª Jane Ayrão, os bolsistas puderam conhecer a estrutura do colégio e um pouco mais da sua história – que se confunde com a história da cidade. O Colégio Anchieta conta com uma ótima estrutura e tem em suas dependências um Memorial, uma espécie de museu com peças e documentos históricos de membros que construíram o colégio e até mesmo de alunos importantes no cenário nacional, como, por exemplo, Carlos Drumond de Andrade e os filhos de Euclides da Cunha. Entretanto, apesar da organização preventiva, um prédio do colégio foi atingido por um deslizamento de terra ocasionado pelas fortes chuvas do início do ano.

Após a visita ao Colégio Anchieta, os bolsistas e a coordenadora Anabelle Loivos foram recepcionados pelo Prof. Maylon Adame, na Escola Municipal Prof. Ernesto Tessarolo, situada no bairro Alto do Floresta, uma comunidade carente muito atingida pelas tempestades de janeiro. Nesse encontro, o Professor Maylon, diretor da escola, apontou em que sentido o projeto pode contribuir no processo educativo da escola e sua relação com a comunidade. Sendo assim, foram mencionadas pela coordenadora do projeto algumas ações artísticas, culturais e educativas que podem ser executadas na escola, tanto no nível discente como no nível docente, além da possibilidade de extensão para a comunidade de pais e moradores locais.

Foram planejadas algumas atividades, como, por exemplo, a preparação e a formação continuada dos educadores envolvidos na escola, um curso de capacitação para os professores, que será ministrado pela Prof.ª Anabelle Loivos e, ainda, a participação dos bolsistas do projeto em atividades que incentivem nos alunos a leitura e o gosto pela literatura. As atividades terão início no mês de junho, e se estenderão até o final do ano letivo, sempre às sextas-feiras.

Inauguração do Ponto de Cultura "Os Serões do Seu Euclides" em Cantagalo

A cidade de Cantagalo, berço de Euclides da Cunha, foi placo, no último sábado, dia 04 de junho de 2011, da inauguração do Ponto de Cultura “Os Serões de Seu Euclides”, na estreia do “Cineclube da Cunha”. Estiveram presentes ao evento a secretária de Educação da cidade de Cantagalo, Maria Lúcia Farah Noronha, a Diretora da Casa de Euclides da Cunha, Fany Teixeira Abrahim, o secretário municipal de Esportes, Rafael Carvalhaes, dentre outras ilustres personalidades de destaque na comunidade de Cantagalo.

Organizada pelos coordenadores do Projeto “100 anos sem Euclides”, em parceria com a coordenação da Casa de Euclides da Cunha e Rick Azevedo, gestor cultural do Ponto de Cultura, a inauguração iniciou-se com a exibição do documentário "O Mão de Luva", de Silvio Coutinho, seguida de debate e de um sarau conduzido pelos alunos e bolsistas de Letras da UFRJ e da Universidade Estácio de Sá de Friburgo, contando com a participação de membros da comunidade.

A organização do Ponto de Cultura informou que o Cineclube ocorrerá, inicialmente, aos sábados, em dois horários: uma matinê, voltada para o público infantil, com início às 15h; e outra sessão, a partir das 18 h., voltada para o público adulto. A proposta é conduzir, ao final das exibições, debates pautados na proposta temática do filme, com a finalidade de despertar a reflexão em torno da agenda semanal do cineclube .

terça-feira, 7 de junho de 2011

Uma Noite na Taverna apresenta a poesia de Euclides da Cunha

Nesta sexta-feira, dia 10 de junho, a partir das 19 horas, o projeto multicultural UMA NOITE NA TAVERNA apresenta a poesia do mestre EUCLIDES DA CUNHA, autor da imortal obra da literatura brasileira, "Os Sertões".

De forma quase inédita, UMA NOITE NA TAVERNA brinda o público com a obra poética de Euclides da Cunha. Apesar de conhecidíssimo na Academia, na cultura popular e em todo o mundo pelo retrato fiel e carregado de lirismo e um povo impresso em OS SERTÕES, obra-prima que versa sobre a Guerra de Canudos, Euclides da Cunha teve uma numerosa produção poética na juventude, ainda pouco celebrada. Com fortes influências simbolistas e até românticas, a poesia de Euclides ainda não teve sequer uma edição compilada no Brasil, e é essa poesia que os poetas tavernistas RODRIGO SANTOS, ROMULO NARDUCCI e PAKKATTO estarão apresentando em mais uma edição de UMA NOITE NA TAVERNA, nesta sexta-feira, no SESC São Gonçalo, com entrada franca.

"O projeto - materializado em um evento mensal - UMA NOITE NA TAVERNA tem como propósito principal mostrar a arte nova, que vem sendo produzida às margens da grande mídia ao público. Porém, sempre houve a preocupação de apresentar também a obra de um autor consagrada, exibindo a poesia como deve ser: viva, vibrante e de alma polifônica" - diz o poeta Rodrigo Santos, um dos idealizadores do evento. "Foi um grande prazer ter em mãos as poesias do Euclides, e ter a oportunidade de trazê-las ao público, mostrando um lado de Euclides da Cunha ainda quase desconhecido em sua totalidade", complementa Romulo Narducci - "Tenho certeza que o deslumbramento e a magia da poesia tomarão conta do público na sexta-feira, será imperdível", diz ainda Romulo.

Uma outra grande surpresa reservada ao público será o lançamento do livro "Entrega - a Essência de uma Mulher ", da poeta JANAÍNA DA CUNHA, bisneta de Euclides. "Poder lançar meu primeiro livro de poesias em uma grande festa de resgate em homenagem ao meu bisavô e em um evento onde a poesia - e não a Academia - tem protagonismo é um prazer e uma honra indescritível para mim", diz Janaína, que convive com o círculo de estudos euclidianos desde tenra idade.
Uma Noite na Taverna ainda recebe ainda os poetas Eduardo H. Martins, Alessandra Moraes dos Santos e o poeta e agitador cultural Carioca Rod Britto. Vale a pena chegar cedo e conferir o trabalho do artista plástico Luiz Hazediaz. Fecha o evento em grande estilo o músico Tuca Marques, e seu trabalho autoral, além da já tradicional exibição de vídeos poéticos.

Acontecendo desde 2004 no SESC São Gonçalo - com breve passagem pela Fundação de Artes - o evento se propõe a mostrar a arte que é produzida no país, principalmente a poesia, e que não possui espaço na grande mídia. "Acreditamos firmemente que a arte é para todos, e não este clubinho de intelectuais que se formou no país. O povo gosta de arte, só é preciso que alguém a mostre. Os concertos da OSB na Quinta da Boa Vista lotavam, e não eram apenas doutores, artistas e professores. Era o povo, gente simples, como nós, que precisa e aprecia arte.", lembra Romulo Narducci, poeta e idealizador do evento, junto com Rodrigo Santos. O evento mantém a entrada gratuita desde o início, e possui média de público de 150 pessoas, um público heterôgeneo em todas as faixas - e exigente.

Uma Noite na Taverna acontece nesta sexta-feira, dia 10 de junho, começando às 19 horas, com entrada aberta e grátis, no SESC São Gonçalo, que na Av. Presidente Kennedy, 755, na Estrela do Norte. Maiores informações pelo telefone (21) 2712-2623.

CONTATOS:

Rodrigo Santos - 26060647 / 85728425 - bardotriste@hotmail.com
Romulo Narducci - 37070879 / 93695650 - romulo.narducci@gmail.com

Blog do evento, com fotos e entrevistas: http://manifestotavernista.blogspot.com
Vídeos poéticos em http://www.youtube.com/user/bardorj